Vender

Daniel Covas
6 min readDec 14, 2022

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Para terminar a semana, e um pouco à imagem da terça-feira, trago um tema pouco usual perante aquilo que é o meu hábito de assunto. Um pouco para desmistificar aquilo que é esta palavra que ainda assusta alguns, amedronta outros e é a fonte de sustentabilidade de tantos.

· Vender como obrigação vs Vender como profissão

· A arte de vender

Vender como obrigação vs Vender como profissão

A venda pode ser um anjo ou pode ser um demónio. Um pouco à imagem de muitas coisas que já aqui partilhei com vocês, tudo depende da forma e significado que atribuímos a algo, neste caso, ao que é uma venda. Uma venda é efetivamente uma troca de informação, serviço ou bem por algo de idêntico valor de mercado. Hoje em dia, normalmente, a maioria das vendas acontece em troca de uma quantia monetária. Tão simples como isto. Numa transação, existe um lado que vende e um lado que compra. Comprar é algo que acontece naturalmente no nosso dia-a-dia, pois os bens essenciais, como comida e água, por exemplo, têm de ser comprados. Comprar não assusta ninguém, pois existe não só uma necessidade como também um grande estímulo para que isso seja feito (tal como mencionei na última publicação).

Por outro lado, aquilo que é a venda parece ser um pouco um susto para alguns. Tudo começa, claro, na escola. Ao longo da nossa vida, especialmente quando somos pequenos e estamos a crescer, é quando somos mais suscetíveis a qualquer informação e estímulo externo que nos possa influenciar. O sistema escolar desenrola-se à volta de um processo de memorização, maioritariamente. E programa-nos para sermos muito bons a executarmos as tarefas que nos mandam. Infelizmente, aquilo que a escola mais nos retira é a independência de decisão e a liberdade de pensamento. Ficamos presos aos modelos que nos transmitem. Todos aqueles que vão trabalhar para lojas de roupa, supermercados, fazem parte de máquinas de venda industriais, apesar de não venderem diretamente. No entanto, como não existe uma pressão de independência, não causa qualquer transtorno a nós enquanto indivíduos.

Aquilo que mexe connosco, no que toca a vendas, é quando nos dizem (de muito grosso modo simplifico linguisticamente aqui) aqui está este produto, vai vendê-lo. E aqui, entramos em modo pânico. Porque quando nos lançam, à deriva, no caso, de forma independente, tudo se torna, efetivamente, assustador. Porque nunca fomos preparados para isto. Fomos treinados, entre 12 a 15, alguns até 20 anos, dentro de um sistema que nos instruíu todo esse tempo para sermos dependentes.

E quando somos confrontados com este mundo de independência das vendas, toda essa preparação cai por terra porque não nos serve de nada neste novo universo de trabalho. E depois assumimos que não é um trabalho, porque aquilo que conhecemos como “trabalho” é dependente. Temos de ter um patrão nas nossas costas, a mandar em nós, para ser um trabalho. E assumimos vendas como uma obrigação. E como não basta olhar para as vendas como um monstro, ainda assumimos isso como uma obrigação.

Entretanto, surge sempre alguém que se desliga do sistema e que assume as vendas como um trabalho tão digno como qualquer outro. E que “veste a camisola” como a sua melhor profissão e tira o máximo partido daquilo que as vendas têm para oferecer, como resultado. Tal como disse o Homem-Aranha no seu filme: “Com máxima liberdade, máxima responsabilidade”. Ou seja, aquilo que pede que nós maximizemos a nossa independência e liberdade é aquilo que ao mesmo tempo nos vai exigir máxima responsabilidade. No entanto, é também aquilo que nos vai dar resultados máximos. Pois aquilo que mais exige de nós, quando nos entregamos e dedicamos a esse trabalho e o executamos efetivamente, é onde vamos também colher os melhores resultados possíveis como efeito.

A arte de vender

Existe uma ideia que sugere que tudo na vida é uma venda e que essa capacidade está, de alguma forma, plantada em nós. Levando o exemplo um pouco ao extremo, de forma a ganharmos a amizade de alguém, temos de “vender” o nosso valor enquanto pessoa e amigo. A mesma coisa se desejarmos conquistar uma namorada/namorado, temos de “vender” a essa pessoa o quanto valemos como pessoa a ter por perto, aquilo que oferecemos, para obtermos aquilo que querermos. Para arranjarmos um emprego, a mesma coisa. Temos de “vender” as nossas qualidades, de forma a que a empresa nos veja como alguém capacitado e indicado para preencher o cargo a que nos estamos a propor. Acredito que já entenderam. Desta ideia deriva a famosa frase de que “Vender é uma arte”. Pois se esta capacidade tem a possibilidade de ser aprendida e está presente em todos nós, significa que pode ser aperfeiçoada, melhorada, refinada e aplicada de variadas formas, de modo a obter o melhor resultado possível. E remetendo ao tema do medo que descrevi acima, toda a arte é, no mínimo e até um determinado nível, passível de ser aprendida por qualquer um. Já imagino que se estejam a perguntar, por esta altura, “e como é que essa arte se aprende?”. Bem, vou acreditar que é como qualquer outra. Com a informação certa. Aplicação. Prática e treino, muito treino. Adaptações e refinações. E finalmente, chegamos à obtenção de alguma coisa, colhemos algum resultado. É assim tão simples, sim. O que não descrevi aqui é que demora tempo. E neste processo, estou com vocês. Esta é uma das capacidades que ainda me escapa, tendo em conta o nível que me reconheço em outras. Sei que esta está bem atrás.

Photo by Ashkan Forouzani on Unsplash

Lembrem-se bem. Todos nós, de alguma forma, já vendemos algo na nossa vida. Quer tenha sido o nosso valor para conquistar uma pessoa ou obter um cargo de trabalho. Quer tenha sido vender aquele filme que vimos e adorámos ou o restaurante onde comemos uma das melhores refeições da nossa vida e não nos conseguíamos calar até não convencermos todos os nossos amigos a irem lá. Bem, quando olho para isto, assumo que a melhor forma de vender é ser genuíno e simples, acima de tudo. Depositar o coração e a emoção na mesa. Insistir e persistir (como em qualquer outra coisa). Apresentar o melhor daquilo que estamos a vender, sem comparações negativas ou positivas, apenas com uma exposição diferenciada. Com um bom toque da nossa experiência pessoal, algumas referências, exemplos, testemunhos reconhecidos e resultados comprovados, de alguma forma.

Não acredito em fórmulas secretas, receitas mágicas ou verdades absolutas. Acredito sim que vos acabei de vender uma publicação inteira sobre vendas, sem o ter vendido diretamente uma única vez. Se vocês o compraram ou não? Bem, essa resposta fica com vocês (se chegaram até aqui, deve ser um sim), porque esta publicação é mais uma amostra gratuita daquilo que vou continuar a entregar.

Quero deixar-vos o final deste post com aquilo que será o final de todos os posts daqui para a frente, ao longo do ano, para vos lembrar continuamente: Tu és o que tu quiseres ser. Só tu és tu, e esse é o teu super-poder. Cabe-te a ti guardá-lo ou usá-lo.

Gladiadores, este ano promete o mesmo que qualquer outro antes dele e o mesmo que qualquer outro depois: absolutamente nada. Não é o ano, não é o mês, não é a semana, não é o dia, não é a hora, não é o minuto, não é o segundo que define a nossa vida. Somos nós. É cada um de vocês. Vou manter esta linha de pensamento nos posts ao longo do ano e continuar a criar e a entregar-vos conteúdo para que, de alguma forma, vocês consigam pegar nisto e alterar algo. O vosso estado. A vossa condição. As vossas circunstâncias. O mundo atual dá-nos oportunidades a todos os níveis para sermos muito bons em praticamente tudo. E estimula-nos, ao mesmo tempo, a querer tudo “para ontem” e de mão beijada. Um paradoxo contra o qual temos de lutar diariamente. O que se constrói rápido perde-se mais depressa. O que se constrói a um ritmo firme não só vale a pena como também tem uma base para durar gerações. Um legado desenvolve-se assim. Deixem cá algo que possa viver depois da vossa vida e que carregue a vossa essência por gerações e gerações.

Eu vs EU. Que ganhe o melhor. Vão vencer!

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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