Sinais
Existência, coincidência ou imaginação?
A forma como, mesmo quando não acreditamos em muita coisa, são incapazes de nos passarem ao lado acontecimentos que ocorrem connosco ou com outros que, de uma forma ou de outra, parecem simplesmente não encaixar num panorama normal da realidade. Isto é, parecem coisas saídas de um filme. Coincidências, milagres. Sinais de algo. Serão então sinais do quê? Acredito eu que não sabemos verdadeiramente. É este poder de acreditar, de criar uma crença própria que nos dá a possibilidade de interpretar um acontecimento inédito como um sinal de algo maior ou transcendental até, de forma a, mais uma vez, olharmos para a vida a partir de uma nova e fresca perspetiva.
Vivência e observação
Vou arriscar dizer que já tiveste na tua vida uma situação, maior ou mais pequena, que certamente desafiou os limites da realidade que tu conheces e que ainda hoje contas essa história com um bichinho de, lá no fundo, ainda não teres entendido plenamente o que aconteceu ou como aconteceu.
Já tive alguns episódios caricatos na estrada. Sem dúvida que existem dois que se destacam em que nada me aconteceu porque os astros estavam alinhados ou algo parecido… Não me querendo focar nas situações em si, porque existem variadas que se podem destacar, quero sim focar-me naquilo que é a interpretação e o signficado que atribuimos aos acontecimentos. Novamente, sejam eventos que nos acontecem, que acontecem a alguém que conhecemos ou que ouvimos relatados através dos meios de comunicação.
Desde o simples visualizar as horas iguais (11:11; 15:15, etc…) até ao conjunto mais aletório de fatores que culminam num resultado completamente inesperado, face a todas as circunstâncias presentes, podemos ver sinais, coincidências e/ou milagres em muito do que nos acontece. Falando um pouco de cada um destes pontos:
- Sinais: Acredito eu que sinais estão relacionados, sobretudo, com o significado que escolhemos atribuir a um determinado evento. Sendo franco, olhando do ponto de vista objetivo e racional, podemos olhar a uma situação, ao seu resultado, fazer uma análise inversa e desconstruir o porquê de o resultado obtido ter sido aquele e não outro. A partir de uma perspetiva analítica, avaliar-se-iam as variáveis e ficariamos por aí. Olhando apenas do ponto de vista emotivo, considerariamos o impacto que o resultado teve e como nos fez sentir. Numa outra instância, mais espiritual, aqui sim, teríamos em conta o contexto do evento e o resultado que foi obtido. Não, não é sobre ignorar a vertente de análise nem valorizar mais a parte sensorial e deixar que a perspetiva superior de “algo maior” se sobrepor. Pelo contrário, acredito que é sobre conjugar tudo e incorporar também a possibilidade, dentro daquilo que é o espetro de crenças que se possuí face a entidades superiores, que podemos retirar de mensagem, perante o resultado. Ou seja, quando algo nos acontece fora do padrão normal esperado — porquê, para quê, como. E dando uso a essa informação, valorizando os sentimentos que foram despertados em nós, integrando o significado que a nossa intuição atribuiu também, podemos executar uma análise objetiva ainda mais sábia, por termos presente a totalidade das variáveis em questão, que consideramos que podem ter influenciado o acontecimento e o seu posterior resultado.
- Coincidências: Escutei há anos, uma frase, numa série televisiva que adorava — Hawaii: Five-O. Era transmitida na Fox. Foi uma frase que nunca mais me saiu da cabeça, nem sei bem porquê. E cada vez que ouço a palavra “coincidência”, lembro-me dela. Num diálogo, dois personagens trocam as seguintes palavras: “Sabes o que dizem sobre coincidências?”; “Eu não.”; “Demoram muito tempo a ser planeadas.” Acreditar ou não em coincidências é algo puramente subjetivo. Para mim, e aliado a outras duas frases, atribuídas a Albert Einstein, que adoro, decidi deixar de acreditar em coincidências, ou pelo menos, no sentido mais comum da palavra.
- Milagres: A primeira das frases a que me referi no ponto acima é “Deus não joga aos dados com o Universo”. Que remete para a não aleatoriade da existência das coisas. Que tem, claro, mais a ver com coincidências do que com milagres. E milagres para mim, mais do que os relacionar com Deus, é sobre, novamente, o significado que atribuimos a um determinado resultado, simplesmente pela impossibilidade que parecia ter de acontecer. O que leva à segunda frase de Einstein, de que gosto e me relembro algumas vezes, para valorizar mais a vida “Só há duas formas de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é viver como se tudo fosse um milagre”.
Com isto, não quero estar a desafiar a lógica ou as explicações racionais que existem para eventos, quaisquer sejam eles. É sim, como todas as outras antes dela e como todas as outras daqui em diante, uma publicação que convida a uma possível reflexão. A uma consideração de um alargamento de perspetiva ou até de renovação e visão fresca, sobre as mesmas coisas, assuntos, eventos ou resultados.
Falemos de sinais, de coincidências (ou Deuscidências, para os entendedores da expressão) ou de milagres, a vida tem a sua devida dose de mistérios que nos transcendem. Ou que, simplesmente, propõem que olhemos para eles de forma mais ponderada, mais contempladora, mais atenta e focada. A forma como olhamos para as coisas reflete com exatidão aquilo que nós somos e as capacidades que acreditamos ter. Ainda que possamos mudar esta segunda parte, ao investir em alterar a primeira (a forma como observamos aquilo que nos rodeia) esse estímulo, só por si, vai incitar a que mudemos e/ou melhoremos as nossas habilidades e o conjunto daquilo em que acreditamos e do que valorizamos. Talvez um sinal seja o teu animal de estimação pedir-te atenção, para que vivas mais o momento presente. Talvez um sinal seja o teu filho ou filha convidar-te para brincar, para que desafies aquilo que mais valorizas na vida, quando estavas a pensar relaxar. Talvez um sinal seja apenas algo muito simples a que vais estar exposto. Talvez um sinal seja um sentimento contínuo a que tens estado exposto e que te está a convidar a uma mudança…