Simbologia
Após aquilo que foi uma semana absolutamente inesquecível para mim, voltamos à rotina. Espero que tenham tirado o vosso tempo para desfrutar da vida. Acima de tudo e antes de mais, espero que tenham tirado tempo para serem vocês e viverem ao máximo!
Introduções à parte e focando no tema de hoje, quero falar-vos sobre algo que me encanta: A simbologia. O simbolismo que atribuímos, seja a bens materiais, acontecimentos, pessoas, relações ou momentos.
● O significado que atribuímos às coisas
● O que simboliza o significado
● Que relevância tem esse significado na vida
O significado atribuído
Enquanto seres de hábitos, com uma divisão bem clara entre aquilo que é racional e emocional, nada daquilo que nós temos é uma simples coisa. Falando um pouco num olhar materialista, cada objeto que compramos, é uma decisão, por norma, mais emocional que racional. Seja para satisfazer uma necessidade, para massajar o ego, para provocar inveja, para satisfação própria, um misto de várias ou até por mais qualquer coisa que não escrevi aqui. O que quero frisar é que, independentemente do que seja, quanto mais emocional a decisão, mais significado e importância vamos associar a algo que possuímos. E quanto mais significado, maior o simbolismo. Pondo em perspetiva, o simbolismo e significado que atribuímos a uma panela nunca vai ser o mesmo que atribuímos, por exemplo, a um computador. Devemos ser gratos por ter ambos. Um permite-nos saciar a nossa fome e o outro saciar o nosso lazer. No entanto, ao olhar para os dois, é incomum que sejam de alguma forma semelhantes. Isto porque o significado que atribuímos às coisas mais básicas fica perdido no esquecimento e o significado que atribuímos ao superficial é o que nos sustenta neste mundo de estímulos intermináveis, onde somos quase que forçados a seguir todas as tendências do momento, aos mais variados níveis. Quanto à questão do valor, é a publicação de sexta-feira.
De onde vem afinal o significado que associamos às coisas? Bem, pode vir de várias fontes. Se compramos aquele gadget ou aquele objeto que andámos a namorar durante algum tempo, é um sentimento de realização pessoal inigualável. Quando nos oferecem algo, temos todo o sentimento, muitas vezes mais associado ao gesto, perante a pessoa que ofereceu, mais do que o objeto em si. O que acaba por tornar um objeto, neste caso, numa âncora de um sentimento. Depois temos as novidades que surgem no mercado e que vão totalmente de encontro a algo que estávamos mesmo a precisar. Olhando até, num espetro menos positivo, acabamos algumas vezes, perante a fase da vida onde estamos, em comprar algo simplesmente para tapar os buracos da alma. De forma geral, passa muito por aqui. É através deste tipo de momentos que definimos o quanto algo significa para nós.
O que significa esse significado?
Sei que é uma pergunta construída de forma engraçada. E dentro deste contexto, faz também todo o sentido. Pelo nosso lado racional, espelhamos aquilo que é lógico. Faço A para obter B. Sei que X me permite ter Y que me dá um resultado Z. E aí as coisas, quer seja um objeto ou um processo, não passam de mecanismos e ferramentas. Simples. No entanto, pela existência do nosso inegável lado emocional, por muito que alguns de nós escolham negá-lo ou escondê-lo, ele está lá. E quanto mais reprimido, mais energia está envolvida neste processo de significação. Pois quando não obtemos das pessoas e das relações aquilo que desejamos, vamos ter de remeter a nossa emoção para aquilo que temos em volta, no caso os objetos que possuímos, por mais simples que sejam. Assim surge esse significado. E olhamos para uma prenda de alguém que se lembrou de nós numa certa data. Pode ser uma simples caneca. Para essa pessoa, é muito mais que isso. É a caneca que o amigo X lhe deu no seu aniversário e que ele valoriza, pelo ato e pelo valor da pessoa em questão.
A relevância do significado
Cada vez que fazemos este processo de usar como uma “âncora sentimental”, na realidade, recriamos nos objetos aquilo que mais queremos ter com as pessoas e que deixamos que o tempo leve. E vivemos mais na memória do que algum dia foi ao invés de aquilo que pode ser no momento presente. O maior desafio quando atribuímos um significado a um objeto não é entender o que significa esse significado e sim desmistificar a quem está associado e o que precisamos deixar resolvido com essa pessoa, para que deixe de ser uma âncora (no caso de ser algo menos bom ou simplesmente um amigo que temos saudades e que acabamos por deixar que o tempo leve a melhor sobre a qualidade da relação e nunca ligamos nem enviamos uma simples mensagem). Ou então estamos a atribuir um significado que remete para algo que não estamos a ter coragem de assumir ou revelar a alguém. Por norma, está relacionado com as nossas relações ou então com sentimentos que estamos a reprimir quando devíamos, na realidade, estar a manifestar.
Com isto, concluo com uma mensagem de que a simbologia não é algo mau. Podemos sim, estar a esconder algo atrás disso e a viver agarrados a um sentimento que nos prende. Aí, claramente devemos libertar esse peso. No entanto, ter bengalas emocionais, que nos remetem a momentos de conquista, euforia, felicidade, sucesso e tudo o que consideramos ser o melhor da nossa vida faz todo o sentido. Aquilo que vulgarmente conhecemos como os “amuletos da sorte”. Objetos simples, como pulseiras, colares, anéis, que estiveram connosco em momentos incríveis e onde temos depositada a energia e a lembrança de momentos de conquista e superação do passado, aos quais recorremos para superar os desafios do presente. Esta é a fórmula simples e mágica de usar esta simbologia e este significado e estes sentimentos a nosso favor!