Saúde Mental
Um tópico de grande discussão nos tempos que correm. As referências à saúde tendem a ser gerais e por norma consideramos sempre a saúde do corpo, não de cada parte. Quando na realidade, devemos fazer esta distinção. Porque, tendo em conta que partes internas de nós operam de forma diferente, também quando têm algo que não está a funcionar corretamente, o método de reparação é diferente.
O método que resolve a dor da cabeça não resolve a dor de estômago. O que cura uma dor no pé não é o mesmo que cura uma dor no lábio. O que faz sarar a ferida do cotovelo pode não sarar a ferida do coração. Acredito que entenderam o ponto onde quero chegar. Nós temos funções dentro de nós que funcionam por princípios mecânicos (movimentos), princípios físicos e elétricos (respostas sensoriais do sistema nervoso, equilíbrio…), princípios químicos (digestão), princípios inconscientes (respirar, o bombear do coração) e princípios energéticos (pensamentos).
Ou seja, para diferentes princípios, diferentes metodologias, quer de execução quer de reparação, diferentes métodos de resolução. Estamos habituados, e a cada dia mais, a ingerir fármacos para aliviar ou reparar tudo aquilo que sentimos. Sejam dores, cansaço, demasiada energia, ansiedade, depressão, stress… todas as incríveis doenças que as nossas décadas mais recentes criaram. O nosso cancro social. Não acredito que seja errado fazê-lo, pelo contrário. Tudo o que alivia deve ser sempre tomado em conta, para o bem-estar do paciente. No entanto, quando curamos os sintomas ao invés de curar a raiz que origina o problema, criamos viciados. Viciados em alimentar um organismo com alívios, porque a vida causa demasiado impacto. E fortemente negativo, tendo em conta esta perspetiva. Este pequeno e brilhante método é o que permite à indústria farmacêutica prosperar de forma exponencial. Atacar o meio pelo qual o problema se manifesta é calar o canal de comunicação, não é resolver o problema. E claro, isto é tudo muito bonito, mas onde entra a saúde mental?
A saúde mental é o que está por detrás de tudo isto. Ou melhor, escondido na sombra de todas estas circunstâncias. No que diz respeito à saúde mental, estamos a referir-nos a todos os problemas que surgem de algo que não é físico. Normalmente, proveniente da imaginação tão frutífera que temos. Qualquer medo ou fobia. Qualquer distúrbio que não tenha uma explicação própria, mas que pode estar (e normalmente está) associado a uma experiência traumática, de alguma forma. Tudo isto são fatores que afetam a nossa saúde mental. Tudo aquilo que gera frustração é também um obstáculo à saúde mental. A verdadeira questão é: o que fazemos para preservar a nossa saúde mental?
Bem, para preservar a saúde mental, temos de manter a nossa mente sã. Parece óbvio. E é. No entanto, é um desafio constante que enfrentamos. A nossa mente é como uma caixa aberta e recebe diariamente milhares, até milhões de estímulos. São esses estímulos que geram os nossos pensamentos, os nossos receios, os nossos medos, a nossa vontade… a maior parte de tudo aquilo que sentimos. O truque está precisamente aí. Em controlar ao máximo a nossa reação aos estímulos a que somos expostos. Claro que é praticamente impossível fazê-lo a toda a hora, mas conseguimos treinar a nossa mente para que se proteja a ela própria. Quando fazemos exercícios, de qualquer tipo, à medida que repetimos mais e mais vezes, começamos a tornar-nos bons nisso. Começamos, a uma dada altura, a realizar essa tarefa de forma praticamente automática. O mesmo pode acontecer com a nossa mente. Se a treinarmos para ter um determinado padrão de pensamento, um determinado tipo de reação perante uma determinada situação. Seja através de treino de memória ou exercícios de lógica, para fortalecer a plasticidade e capacidade cerebral, seja com situações de stress físico, para aumentar a dureza mental. Seja através de meditação, oração, hipnose ou outro semelhante que assente no propósito de acalmar, centrar e limpar a mente. Todos estes exercícios são apenas alguns exemplos de um leque maior que permitem treinar a nossa mente para se tornar mais resiliente aos estímulos externos e, porventura, mais saudável.
Em jeito de conclusão, temos aqui uma área de cada vez maior importância que é tratada da mesma forma que todas as outras, quando requer uma metodologia diferente, por ter procedimentos diferentes. Como em qualquer área, temos pessoas muitos boas, em estudos avançados, a progredir e a descobrir novos conceitos e métodos. Da mesma forma que temos pessoas a querer tratar novos problemas com métodos antigos. Nas palavras de Einstein: “Repetir a mesma coisa e esperar um resultado diferente é a definição de insanidade”.