Respirar

O ato simples que nos dá a vida… E muito mais!

Daniel Covas
5 min readJun 22, 2023

No final da semana passada, fui fazer um retiro. Uma imersão. Um workshop avançado sobre o Método Wim Hof. Algures bem atrás na lista, tenho uma publicação que retrata a importância de termos experiências imersivas na nossa vida. Falando desta em concreto, foi algo novo, guiada por alguém que comecei a seguir e conheci há pouco mais de 1 ano. O Ricardo Pinhão. Um ser humano incrível, que me tem demonstrado e ensinado a importância de certas dimensões e perspetivas da vida que eu, de alguma forma, parecia não estar a valorizar e a observar da melhor forma.

  • A importância de respirar
  • Adaptar as técnicas ao momento
  • Aprendizagens, dinâmicas e transmutações para a vida
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Importância de respirar

Do ponto de vista biológico, a respiração, ao nível celular, é o processo através do qual produzimos energia. Para isso, é utilizado o oxigénio. Dessa reação, surge como subproduto o dióxido de carbono, que é depois libertado pelo corpo, através da expiração. Claro que é muito mais que isto e deixo os detalhes para os entendidos na matéria.

Como sabemos, o sangue, na fase de inspiração, enriquece-se com oxigénio, é distribuído pelo corpo, chegando a todos os pontos onde é necessário. Durante a expiração, o sangue regressa com o dióxido de carbono libertado pelas células até aos pulmões, por forma a que seja expelido do corpo, por não ser necessário. Para além da circulação sanguínea em si, este é o outro processo vital que nos mantém a viver.

Mais do que respirar, claro, é importante saber fazê-lo. Não, não é meu trabalho ensinar-vos, deixem-me dizer-vos isso desde já. Porque também eu estou nesse processo de aprendizagem. Descobri eu, neste retiro, o que é verdadeiramente importante na respiração. Sentir a devida expansão e contração do músculo que a rege (diafragma). Sim, este é o músculo responsável pelo impulso do movimento pulmonar. É para ele e através dele que devemos inspirar e expirar. A boca é um dos órgãos que devemos desassociar deste processo respiratório, no que toca ao dia-a-dia, pelo menos. Existem alguns protocolos de respiração intencional, seja o Método Wim Hof, sejam práticas de meditação, nos quais usar a boca pode facilitar e potenciar a entrada de ar e os efeitos desejados.

O que me leva ao segundo tópico:

Adapta-te ao momento

Neste workshop em que participei, obtivemos informações que, apesar de contrária, se tornam complementares, quando adequadas a um determinado momento, a uma determinada intenção, a um determinado objetivo e propósito.

A respiração influencia diretamente o nosso estado. Influencia diretamente aquilo que sentimos. Influencia e provoca uma resposta interna, perante o seu ritmo. Não é possível respirar de forma acelerada e estar calmo. Nem é possível respirar de forma tranquila e estar stressado. O nosso processo respiratório tem uma influência direta no nosso corpo e naquilo que queremos sentir, a nível do nosso estado. Quando usada com foco e tornada num processo consciente, podemos usar a respiração para benefício próprio, como ferramenta de mudança fisiológica.

Isto é o que se pretende quando se fala em protocolos de respiração. Quando se fala do Método Wim Hof, quando se fala em Oxygen Advantage, quando se fala em respiração intencional.

Saber o que se passa a cada momento. Perceber se estamos ou não no estado em que pretendemos. E, através daquilo que sabemos (esta é a parte mais importante: estar munido do conhecimento, ferramentas e estratégias corretas para aplicar) usar a nosso favor os nossos recursos, alterar o nosso estado e potenciar o nosso desempenho.

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Aprendizagens para a vida

Por fim, descrevendo um pouco aquilo que foi a minha experiência neste retiro, aquilo que aprendi, o que trouxe de lá e o que vou aplicar na minha vida, de forma diferente:

  • O que nos ensina o gelo, conhecido como “O Grande Professor”
  • Qual a abordagem que devemos ter perante a vida?
  • O que importa, no final do dia?

Sei que estes tópicos incluem questões profundas, que só por si merecem artigos, senão estudos inteiros. Vou, como costume, simplificar.
O gelo, o nosso grande professor, é uma metáfora para a vida. Ele acontece, tal como ela, sem forma definida. Sem fatores de influência. Acontece, simplesmente. Quando nos expomos a ele, temos duas decisões: resistir e lutar ou aceitar e contemplar. Escolhendo a primeira, vamos experienciar dor, desconforto, extrapolar isso e ter uma péssima experiência. Por outro lado, se o aceitarmos e contemplarmos, o stress e desconforto continuam presentes. No entanto, como não lhe damos tanto poder e atenção, aprendemos com a sua existência. O que sobressai então? Os nossos recursos para lidar com esses fatores. A forma como vivemos a vida é semelhante. Podemos escolher focar-nos no stress e nos desafios ou na nossa capacidade de os enfrentar, ultrapassar e sair mais forte do outro lado.

O que remete para a segunda questão, a abordagem perante a vida. Esta proposta de tranquilidade, leveza e equilíbrio, com que vivi estes quatro dias, fascinou-me efetivamente. Podemos continuar a ser disciplinados. A fazer o que tem de ser feito. Mantendo todas essas brilhantes qualidades, simplesmente usando uma abordagem mais leve e menos de resistência e força. Muitas vezes, e aqui falo por mim, forço a existência da disciplina, do compromisso, da determinação. Vou naquele espírito de guerreiro, capaz de destruir tudo o que tem à frente. Há momentos em que isso até pode ser o mais adequado e acredito que não o é no dia-a-dia. Uma vez que recrutar essa personalidade utiliza demasiada energia e desgasta extremamente aquilo que somos. Enquanto, por outro lado, podemos aceder à nossa essência e autenticidade e viver em disciplina, em compromisso, em determinação, com leveza, com tranquilidade, com equilíbrio, partindo de um ponto diferente. Onde continua a existir desconforto e desafio. Que nos permite superação de uma forma mais pura e relaxada, transbordando o nosso melhor e os nossos mais fortes recursos e potencial interno, de forma a atingirmos novos patamares de nós próprios, preservando a nossa energia. Esta foi, sem dúvida, a minha reflexão mais poderosa e implementação que mais desejo começar a viver.

Em jeito de conclusão, termino com uma palavra apenas: Paz. No final do dia, o que me importa é paz. Ter paz no coração. Ir dormir sabendo que o meu dia foi preenchido com realizações positivas, boas ações, conversas ricas, interações significativas e experiências de valor, com intenções puras. No final do dia, o que me importa é saber que se a minha vida acabasse ali, partiria feliz. Porque escolhi trocar o medo da morte, que é algo inevitável, pelo medo de não viver, que é uma escolha diária. Ao continuar a acordar, agradecendo e desfrutando da dádiva que é a vida, continuo a viver neste espírito, perante esta mentalidade nobre que honro diariamente. Fecho, como tem sido costume recente, com uma pergunta:

O que escolhes carregar mais no teu coração, a cada dia que passa por ti?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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