Pessoas Bem Resolvidas
Decidi trazer este tema hoje porque é realmente algo que ouvimos em algum momento e por vezes nem entendemos bem o que quer dizer. O que é afinal uma pessoa bem resolvida? Será uma pessoa sem problemas? Durante a semana que passou, tive inclusive um episódio em que me disseram que eu estava demasiado bem resolvido (algo que eu não acredito que exista).
· O que é afinal uma pessoa bem resolvida?
· O que temos de ter para estar bem resolvidos?
· Para que serve estar bem resolvido afinal?
Eu sei. Perguntas e mais perguntas. E é possível que não saiam daqui com as respostas que procuram. Acredito sim que saem daqui com mais respostas do que chegaram. E possívelmente com mais perguntas também. E faz parte. A vida resume-se, muitas vezes, a isso. A perguntas e respostas, no seu devido ciclo interminável.
Definição
Ser alguém bem resolvido é nada mais nada menos que alguém que enfrenta os seus tormentos. Não, claro que não é uma pessoa sem problemas. Tal coisa não existe. Uma pessoa que se considera bem resolvida continua a ter os seus próprios desafios. Continua a ter muito trabalho pela frente. Continua a necessitar de evolução como qualquer outro ser que busca mais para si próprio. E acima de tudo, é uma pessoa que está em paz consigo própria, que assume aquilo que mais a amedontra e que decide que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para enfrentar esses desafios. Da sua própria forma. Pode demorar mais ou menos tempo. Pode recusar-se a fazê-lo numa fase inicial, porque surge o medo de enfrentar o desconhecido. E isso é legítimo. O que faz a diferença é a decisão. O compromisso. A determinação. A coragem. A disciplina. A consistência. A ação colocada em fazer o que é preciso para ultrapassar determinado desafio.
Qualidades
Focando num aspeto em específico que enunciei na definição acima: Paz. Uma pessoa bem resolvida, acima de tudo, é alguém que consegue sentir paz e harmonia no seu interior e que dificilmente é perturbada (pode acontecer, em casos esporádicos. É aqui que se definem os novos desafios a ultrapassar). É alguém que, independentemente do mundo à sua volta, faz não só aquilo que tem a fazer e mais do que isso, especialmente, aquilo que quer e bem lhe apetece fazer (sempre tendo em vista o seu melhor e sem causar qualquer tipo de dano ou manipulação a terceiros). Estas são, na minha simples visão e humilde opinião, características que temos de ter presentes para nos considerarmos num patamar de resolução vital acima da média. No entanto, se somos nós que temos a necessidade de reconhecer estas qualidades e os outros não as conseguem ver, provavelmente estamos a ser ludibriados pelo ego, de forma a sentir algo que, na realidade, está vazio.
Manter o ego em xeque
Como grande fã de xadrez que sou, esta expressão despertou-me e é um mantra que acompanha há poucos anos. A primeira vez que ouvi esta frase foi num vídeo num dos grandes mestres que sigo no mundo corporativo, Jocko Willink. O xeque é um movimento no xadrez onde ameaçamos capturar o rei. Porém é um movimento que fica a um passo da vitória, pois o xeque significa que o adversário tem um movimento possível, no mínimo, em que pode salvar a sua peça mais preciosa. Com o ego, é a mesma coisa. O xeque-mate só é possível com a nossa morte, porque o ego vai estar sempre presente, enquanto respirarmos. Daí ser tão importante manter o ego em xeque. Forçá-lo a fazer aquilo que nós desejamos. Encurralá-lo. O que não significa que ele não vai ripostar. Claro que vai. E é essa mais uma das batalhas que tão fortemente contribui para a nossa evolução. Este é, para mim, o pináculo de estar bem resolvido. É atingir um nível de consciência tão elevado e tão forte que, no segundo em que o ego ataca, reconhecemos, avaliamos e respondemos com uma ação ainda mais forte, de forma a sobrepor-nos e a crescer com o que quer que seja que o ego nos quisesse impor.
E claro, nem sempre vai ser possível fazê-lo com esta eficácia. Existe muita coisa binária na vida. E existe também muita coisa não-binária, para equilibrar a balança universal. Aquilo que não é preto nem branco. Vamos chamar-lhe “zona cinzenta”. É aqui que acontece tudo aquilo que está fora do nosso alcance e que distrai a nossa consciência, de forma a permitir ao ego executar as suas ações.
Mesmo distraídos momentaneamente, durante mais ou menos tempo, conseguimos sempre voltar a focar a nossa consciência onde desejamos e, por mais ou menos tempo que demore, conseguimos sempre enfrentar qualquer que seja o desafio ou obstáculo que nos seja colocado no caminho.
O processo é longo. Dói primeiro. Recompensa-nos depois. E vale sempre a pena, gladiadores! É tudo o que vos dizer!
Quero deixar-vos o final deste post com aquilo que será o final de todos os posts daqui para a frente, ao longo do ano, para vos lembrar continuamente: Tu és o que tu quiseres ser. Só tu és tu, e esse é o teu super-poder. Cabe-te a ti guardá-lo ou usá-lo.
Gladiadores, este ano promete o mesmo que qualquer outro antes dele e o mesmo que qualquer outro depois: absolutamente nada. Não é o ano, não é o mês, não é a semana, não é o dia, não é a hora, não é o minuto, não é o segundo que define a nossa vida. Somos nós. É cada um de vocês. Vou manter esta linha de pensamento nos posts ao longo do ano e continuar a criar e a entregar-vos conteúdo para que, de alguma forma, vocês consigam pegar nisto e alterar algo. O vosso estado. A vossa condição. As vossas circunstâncias. O mundo atual dá-nos oportunidades a todos os níveis para sermos muito bons em praticamente tudo. E estimula-nos, ao mesmo tempo, a querer tudo “para ontem” e de mão beijada. Um paradoxo contra o qual temos de lutar diariamente. O que se constrói rápido perde-se mais depressa. O que se constrói a um ritmo firme não só vale a pena como também tem uma base para durar gerações. Um legado desenvolve-se assim. Deixem cá algo que possa viver depois da vossa vida e que carregue a vossa essência por gerações e gerações.