Luz vs Escuridão
A luta pela clareza é uma batalha que faz parte da vida de todos. Temos momentos em que vemos mais luz e momentos em que vemos mais escuridão. Seja qual for aquele que estamos a passar, o nosso foco vai sempre ditar aquilo que mais estamos a ver. Porque vamos sempre ter a coexistência de ambas: luz e escuridão. Ao mesmo tempo. Simplesmente, em determinados momentos, uma vai ser maior e ter mais atenção da nossa parte que a outra.
Comecemos pela parte mais assombrosa: a escuridão. Quando a escuridão invade aquilo que é a maior parte do nosso espetro de visibilidade, existe uma série de sensações que nos invadem. Por norma, nenhuma delas positiva, pelo menos inicialmente. Esta escuridão hipotética que tantas vezes nos assombra é, normalmente, apenas um sinal. Um sinal de que estamos a deixar a vida escorregar. Sinal de que não estamos a fazer o suficiente. Sinal de que estamos a remar contra a maré e estamos a forçar uma coisa que não é para nós. Tudo isto desperta a escuridão. Tudo aquilo que não nos leva na direção do nosso maior propósito está contra aquilo que é a nossa essência. E isso vai sempre afastar-nos da luz.
A luz, por outro lado, é normalmente aquilo que começa sempre com um ponto pequeno. A esperança. A tão aclamada “luz ao fundo do túnel”. É o início da jornada. É lá que está tudo aquilo que mais desejamos. O que sempre sonhámos. Tudo aquilo que merecemos. É chegar lá o que mais custa. O que demora. Porque temos de atravessar todo um deserto de escuridão para chegar àquele pequeno ponto de luz. Como disse no início, esta luta faz parte da vida de todos. E podemos dividir as pessoas em três tipos de lutadores:
- Os que escolhem não lutar. As pessoas que aceitam a escuridão como a realidade e escolhem não ver a luz. Os que se lamentam. Que se vitimizam pela vida e não fazem absolutamente nada para a alterar.
- Os que iniciam a luta. Existem pessoas que decidem largar o seu papel de vítima e agarrar a vida. Iniciar a batalha. Os que entram nesta segunda fase mostram um traço muito importante: coragem. É necessária muita coragem para dar o primeiro passo em direção à luz. No entanto, apesar de nada se conseguir sem dar o primeiro passo, também é impossível chegar ao final apenas fazendo isso. E o que acontece é que muitas pessoas, fruto de demasiadas circunstâncias para descrever aqui, abandonam a luta a determinada altura da jornada.
- E existe um terceiro tipo. Não, não são aqueles que vencem a luta. São aqueles que descobrem que a luta na realidade é uma batalha sem fim e ainda assim escolhem entrar na arena todos os dias. Lutar. Sempre em direção àquela pequena esperança. Aplicando toda a coragem, toda a vontade, todo um propósito a essa mesma luta. E lutam, dia após dia. Por algo que sabem que nunca podem vencer. Mas que têm a certeza que podem deixar um caminho aberto para que, o gladiador que vier depois, possa continuar a luta a partir do ponto onde a deixaram.
É aqui que está toda a essência daquilo que é a batalha diária. A escuridão, acima de tudo, não passa da ausência de luz. Com esta batalha diária, podemos aumentar a quantidade de luz, diminuir a escuridão, para nós e para aqueles que estão à nossa volta. Para isso, basta decidir batalhar diariamente e colocar o foco na luz. Pois, por mais pequena que seja, ela está lá. É nosso dever expandi-la, enquanto gladiadores da vida.
“De entre cem homens, dez nem deviam estar ali. Oitenta são apenas alvos, nove são os verdadeiros gladiadores. Ah, mas aquele um… Aquele um é o guerreiro, e ele vai trazer todos os outros de volta a casa.”
Heraclides