Liderança Fantasma

Os bastidores que criam sucesso

Daniel Covas
5 min readSep 21, 2023

Começo a escrever a partir de um espaço físico diferente do habitual. Naquela que é uma das minhas semanas preferidas do ano (celebrei o meu aniversário na terça-feira). Vim apreciar um espaço maravilhoso e isolado, que me permitiu conectar profundamente à natureza e à minha essência. Neste estado holístico, parto de uma posição muito mais plena para vos escrever. Este foi precisamente um tema que lancei num dos grupos do meu círculo mais privado nesta mesma semana. Um princípio que criei e adotei para mim.

No que difere a liderança corrente do conceito de liderança fantasma?

A liderança como a conhecemos é, por si só, uma excelente, maravilhosa e incrível prática. Os dicionários parecem apresentar alguma dificuldade a atribuir um significado por palavras que defina aquilo que liderança é na verdade. Por envolver tantas variáveis intangíveis e tantos pequenos detalhes, torna-se algo claramente difícil de descrever. Liderança, acima de tudo, acredito que é dar o exemplo. Dando-o, coloca-se a próxima questão que é a gestão da execução, entre aqueles que replicam o exemplo de forma excecional, aqueles que se esforçam para o fazer da melhor forma, aqueles que parecem não o entender e aqueles que acreditam que têm uma forma melhor de fazer.

Existe um outro sábio princípio, que é a dicotomia da liderança, da autoria do Jocko Willink.

“A Dicotomia da Liderança
Um bom líder deve ser:

  • confiante, mas não convencido;
  • corajoso, mas não imprudente;
  • competitivo, mas gracioso na derrota;
  • atento aos pormenores, mas não viver obcecado com eles;
  • forte, mas resistente;
  • humilde, mas não passivo;
  • agressivo, mas não autoritário;
  • sossegado, mas não silencioso;
  • calmo, mas não robótico; lógico, mas não sem emoções;
  • próximo dos seus homens, mas não tanto que um deles se torne mais importante do que o outro ou mais importante do que o bem da equipa; não tão próximo que se esqueçam de quem manda;
  • capaz de implementar a Responsabilização Total, enquanto exerce Comando Descentralizado.

Um bom líder não tem nada a provar, mas tem tudo a provar.

Extraí este pedaço diretamente do livro “Responsabilização Total — Como os U.S. NAVY SEALS lideram e vencem”. O melhor livro sobre liderança que já li na vida, até ao momento.

O que acontece é que a liderança pode surgir de variadas formas, mais do que apenas pelo exemplo. Por muito que funcione na maioria dos casos, há muitos mais fatores a ter em conta. A estabilidade emocional, individual e coletiva. A energia. O estado de espírito. A abertura. A disponibilidade. A vontade. O querer. Estes e tantos outros aspetos têm de ser monitorizados de forma constante e recorrente pelo líder, numa vertente indivual e numa vertente coletiva. De forma a conseguir uma gestão humana que produza os resultados desejados, mantendo e quiçá, fazendo crescer e evoluir cada um dos elementos, ao trabalharem rumo aos objetivos estabelecidos.

Liderança Fantasma. Que raio é isto afinal? Não, não é sobre ser um líder ausente e que está lá sem parecer que existe. Pelo contrário. É sobre ser um líder presente a cada momento, de igual para igual, que dá espaço a que cada elemento se entregue ao processo, contribua, estimule, dando-lhe a liderança a ele também, de alguma forma.

Um Líder orienta e guia pessoas rumo a um objetivo coletivo. Um Líder Fantasma cria líderes que se auto-alavancam a destacar no que quer que seja que decidam fazer.

Ser um líder fantasma implica a reunião e sinergia de vários fatores, para que aconteça da forma mais fluída possível. Em primeiro, o alinhamento das pessoas envolvidas é crucial. Se existir disparidade de direção, não é praticável. Todos os membros sem exceção necessitam ter um desejo de seguir o seu próprio caminho e de o ter claro, de forma a que se “cobrem” uns aos outros pelos seus passos. Este é uma das pedras angulares da liderança fantasma. Ao existir este processo, a equipa funciona de forma autónoma, porque cada elemento assim o é. O que dá espaço ao líder de estar presente, sem exercer a sua liderança. Colocando apenas as perguntas certas quando a oportunidade surge, de forma a estimular o espírito de grupo. O valor confiança é inegociável. Todos os membros confiam mutuamente nos seus parceiros.

Sobretudo, Liderança Fantasma é um conceito que transpõe a liderança tradicional por uma razão basilar: não é uma orientação a um objetivo coletivo a atingir. Liderança Fantasma é tornar uma pessoa no seu próprio líder, de forma a que percorra o seu próprio caminho e se torne livre, da sua própria forma.

Tudo começa e termina na liderança

Esta frase, de John C. Maxwell é um espelho reflexivo do comportamento humano. Somos criados a acreditar que ser líder está destinado a alguns e que temos de ter alguém “debaixo da nossa asa” para nos tornarmos um líder. No entanto, desde que nascemos até ao nosso último dia, convivemos diariamente com a pessoa mais importante da nossa vida e que mais merece ser devidamente liderada: Nós próprios.
Auto-liderança, se lhe quiserem assim chamar. Ninguém vai seguir um líder que não sabe liderar-se a si mesmo. Liderar é sobre dar direção. Mostrar o caminho. Demonstrar o exemplo. Orientar, criticar e amparar. Tudo começa e termina na liderança.
A escolha para o teu início de dia, a rotina, os comportamentos que tens, definem a forma como te lideras. O comportamento, atitude e carácter que refletes ao longo do dia, define a forma como te lideras. A capacidade que escolhes (ou não) desenvolver após o teu horário de expediente. A forma como lidas com as tuas emoções, a maneira como comunicas, contigo e com os outros, define a forma como te lideras. A rotina que tens ao te preparares para terminar mais um dia, antes de dormir, define a forma como te lideras.
Tudo começa e termina na liderança.

Se olhares para as pessoas à tua volta diariamente, dirias que alguma delas te inspira? Porquê? Alguma delas se inspira em ti? Porquê?

Liderança Fantasma é apenas um conceito meu. Uma forma própria que adaptei e à qual conectei uma série de ensinamentos, métodos e protocolos para alavancar as pessoas que escolhem confiar em mim. Para as lançar na própria vida, preparadas para se superarem a todo o momento e da forma que tiver de ser, tudo porque confiam nelas próprias e nos recursos internos que acreditam possuir. Eu sou apenas o ponto inicial. Por vezes, ensino pessoas a escutar. Outras vezes, a controlar uma reação espontânea. E até, em alguns momentos, apenas a respirarem de forma mais consciente. Se isso por si só faz algo? Provavelmente não. E estas simples ações e mudanças de comportamento são muitas vezes apenas e só o portal, a alavanca para que se desbloqueie todo um novo nível de vida.
A atenção aos sinais, aos detalhes e aos pormenores que ignoramos é onde está, sempre, a chave para alterarmos por completo a nossa vida.

Se tirares daqui algo útil para ti, que seja a importância de te liderares. Como e de que forma? Bem, escolhe o teu caminho. Qualquer que seja e cria uma imagem mental dele na tua cabeça. Depois, age em conformidade com isso. Liderar é sobre dar direção. Mostrar o caminho. Demonstrar o exemplo. Orientar, criticar e amparar. Faz isso contigo próprio. Desfruta da jornada e celebra os teus feitos ao longo do caminho!

Qual é o detalhe que podes decidir alterar hoje para que te lideres melhor?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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