Liberdade

Daniel Covas
7 min readDec 12, 2022

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Abrimos esta nova e bela semana com um tema que, quase certamente já abordei em publicações anteriores e que, até a mim próprio me surpreendi, por perceber que ainda não lhe tinha dedicado uma composição inteira. Liberdade é um tema sempre presente na nossa vida. Como qualquer outro, existe sobre várias formas e sob as mais variadas perspetivas. Tal como qualquer outro assunto basilar da nossa vida, a liberdade assume um papel de grande relevo numa variedade de acontecimentos. Liberdade de expressão é um dos mais discutidos temas dentro do espetro. Temos também liberdade religiosa, liberdade de consciência e o sempre famoso livre-arbítrio. Várias formas de liberdade, aplicadas ao que são as nossas mais poderosas crenças.

· O que é liberdade?

· Como assumir a minha liberdade?

· Livre-arbítrio

Ser livre

Liberdade é um dos meus intangíveis preferidos. Um tema onde assenta muito daquilo que sou e especialmente uma das bases de tudo aquilo que vivo. Para hoje em dia abordar o tema “liberdade” temos de começar por algo que foi desenvolvido por mentes egocêntricas ao longo dos tempos: a ilusão de liberdade.

A ilusão de liberdade, na qual a maior parte das pessoas infelizmente vive, deriva de vários anos de obsessão por poder e ganância de alguns indíviduos que de uma forma ou de outra, lideravam a sociedade num determinado momento. Indivíduos esses que, ao longo da história, aprenderam que não é ao exercerem a sua vontade à força que iam conseguir aquilo que queriam. Era um processo doloroso e dispendioso. Porém, sempre focados naquilo que mais queriam, que era acumulação de poder e riqueza, foram aprendendo que o poder social é superior a tudo. Ou seja, se incutirmos uma ideia em alguém com influência suficiente, que pregue essa ideia e a transmita pelas massas, as pessoas vão acreditar na veracidade de tal ideia, simplesmente porque a maioria acredita. E assim, ao criar uma falsa verdade, ou melhor até, uma verdade conveniente, a manipulação social faz converger um ideal de geração em geração em que desenhamos mentalmente a acreditação de um conceito que, na realidade, é apenas uma conformação dentro daquilo que outros permitam que exista para nós. Essencialmente, uma liberdade condicionada e não uma liberdade pura.

Desta feita, ficamos como que “adormecidos” num mar de convições que nos foram imputadas. A forma mais simples de testarmos de onde provêm os valores e princípios nos quais acreditamos e sobre os quais vivemos é com a arte das perguntas. O poder de questionar, da forma certa, quem somos, desafia exatamente tudo aquilo em que acreditamos. As perguntas mais simples e diretas, que nos levam à raíz das crenças, são as mais transformadoras. Exemplo: “Por que estou a acreditar em X?”; “O que me leva a acreditar em X?”; “Estou a assumir as verdades alheias como minhas ou a escolher acreditar na minha verdade?”

Aquilo que podemos obter com as respostas a estas perguntas pode e deve, em primeiro lugar, levar-nos a questionar toda a nossa existência, o que é excelente. Porque nos desafia a olhar para a vida de uma forma diferente daquelas com que temos olhado até ao momento em que colocamos estas questões. Aqui, acredito eu, começa a nossa liberdade. Com a nossa escolha em ser quem somos e em acreditar naquilo que queremos. A liberdade começa, em primeiro lugar, na mente. Ninguém pode ser livre sem primeiro se libertar de si próprio.

Assumir a liberdade

Assumir a liberdade que é nossa por direito, apesar de estar descrita como tal coisa na Constituição, é um desafio ao status quo. Isto porque, a liberdade que está descrita nos documentos é a tal liberdade condicionada. És livre se… e liberdade não pode ser condicionada. Se existe uma condição para eu ser livre eu nunca poderei ser livre de aceitar ou não essa condição, porque ela, per si, põe em causa e restringe a minha liberdade.

Logo, para assumir a liberdade que é minha, tenho de decidir ser livre de acreditar naquilo que quero e decidir que a realidade é fruto das minhas escolhas e que essas escolhas têm consequências.

Partindo do príncipio que estou a escolher acreditar na minha verdade, não porque é o que a maioria acredita e sim porque é o que, no profundo do meu ser, eu sinto que é aquilo que faz mais sentido para mim viver, segundo esse meu conjunto de regras. Depois dessa matriz estabelecida, qualquer decisão que tome com base nisso, é uma minha decisão livre. Agora, qualquer consequência que surja após a tomada dessa decisão que foi livre, é algo que temos de, não só assumir e realmente até de lidar com. E não podemos culpar ninguém para além de nós próprios por isso. Esta sim, é a parte que faz a maioria “fugir” da liberdade. Porque parece sempre mais fácil culpar algo externo do que assumir a responsabilidade de ser livre. E isso é a “vantagem” da liberdade condicionada. Como é uma liberdade imposta, o resultado das decisões tomadas tem condicionantes que podem ser remetidas de volta à falta de liberdade. O que se cria é um loop de vitimização e coitadismo que, numa sociedade tão frágil como a que estamos a deixar que se crie, beneficiamos esse tipo de comportamento.

Portanto, assumir a liberdade é simples. Basta escolhermos pensar por nós próprios e encarar todas as responsabilidades, positivas e não tão boas, que eventualmente possam advir daí.

Termino este tópico com uma regra de ouro: A nossa liberdade individual não pode intrometer-se no bem-estar de quem cruzar o nosso caminho.

Photo by Gautam Krishnan on Unsplash

Livre-arbítrio

O livre-arbítrio é possivelmente o tema mais discutido, referente à liberdade individual e condicionada das pessoas enquanto membros de uma sociedade. Existem diferentes correntes e linhas de pensamento filosóficas defendidas por vários especialistas, ao longo do tempo, que remetem para este tópico. O livre-arbítrio denota a liberdade de escolha, as decisões livres do ser humano. Várias vertentes de pensamento colocam perspetivas diferentes, sobre o quão determinadas e condicionadas estão as nossas escolhas e decisões à priori ou não.

Tem sido um tema que vem trazendo discussões ao longo do tempo e inclusive na atualidade, mesmo dentro do mundo científico. Claro que existem condições e fatores que são exteriores a nós e que, pré-determinados ou não por um poder e/ou identidade superior, fogem do nosso locus de influência. A capacidade que temos em aprender a lidar e aceitar a existência desses mesmos acontecimentos é o que define a qualidade da nossa vida e da nossa liberdade, focando aqui no tema. Claro que, olhando assim, então a liberdade é condicionada, porque existem decisões que vamos tomar cujo controlo do resultado não vai depender inteiramente de nós. Isto quando a nossa visão está centrada a partir de uma perspetiva filosófica. Ao deixar de lado toda a vertente puramente racional do pensamento e da contemplação, quando olhamos para a vida no seu todo e para a sua praticalidade, perante as suas envolvências, entendemos que tudo vai acontecer, queiramos ou não.

Assim, com acontecimentos extraordinários, sem colocar a questão do quão pré-determinados esses acontecimentos estão e quem é responsável por eles (visto que esse leque de ocorrências é aquilo que está dentro do poder da nossa escolha), que é o que representa, na prática, a nossa liberdade efetiva. E esta dose de livre-arbítrio, seja ou não total, é a maior fatia de liberdade à qual podemos deitar as mãos. Portanto, que assim seja. Usemos ao máximo o poder de escolha que temos para influenciar o que está dentro do espectro do nosso controlo, de forma a causar aquilo que desejamos como resultado para nós próprios. Mais uma vez, vos relembro da máxima de que a nossa liberdade pessoal termina quando interfere com a liberdade do outro, de forma voluntária ou não.

Para concluir, deixo isto: Own your sh**! E persegue os teus maiores desejos.

Quero deixar-vos o final deste post com aquilo que será o final de todos os posts daqui para a frente, ao longo do ano, para vos lembrar continuamente: Tu és o que tu quiseres ser. Só tu és tu, e esse é o teu super-poder. Cabe-te a ti guardá-lo ou usá-lo.

Gladiadores, este ano promete o mesmo que qualquer outro antes dele e o mesmo que qualquer outro depois: absolutamente nada. Não é o ano, não é o mês, não é a semana, não é o dia, não é a hora, não é o minuto, não é o segundo que define a nossa vida. Somos nós. É cada um de vocês. Vou manter esta linha de pensamento nos posts ao longo do ano e continuar a criar e a entregar-vos conteúdo para que, de alguma forma, vocês consigam pegar nisto e alterar algo. O vosso estado. A vossa condição. As vossas circunstâncias. O mundo atual dá-nos oportunidades a todos os níveis para sermos muito bons em praticamente tudo. E estimula-nos, ao mesmo tempo, a querer tudo “para ontem” e de mão beijada. Um paradoxo contra o qual temos de lutar diariamente. O que se constrói rápido perde-se mais depressa. O que se constrói a um ritmo firme não só vale a pena como também tem uma base para durar gerações. Um legado desenvolve-se assim. Deixem cá algo que possa viver depois da vossa vida e que carregue a vossa essência por gerações e gerações.

Eu vs EU. Que ganhe o melhor. Vão vencer!

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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