Julgamento

Daniel Covas
5 min readDec 12, 2022

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Abro a semana com um tema de importância. Um dos nossos escapes sociais perante a nossa capacidade de respeito: o julgamento. Este é o mecanismo ou o comportamento, como lhe quiserem chamar, que nos permite facilmente fugir à abertura, compaixão e empatia de entender o ponto de vista do outro. É o atalho que nos deixa com as palas nos olhos e que não nos deixa introduzir novas perspetivas na nossa vida.

· A capacidade de não julgamento

· Aprender a respeitar

O não julgamento

O primeiro nível, logo após ganharmos a consciência das consequências de julgar, queremos voltar-nos para o lado oposto: não julgar. Em primeiro lugar, o julgamento provém de uma discordância perante um comportamento, atitude ou ideologia alheia nós. E isso, nada podemos fazer para mudar. A partir daqui, o caminho mais fácil é o julgamento. O criticar, o mal-dizer, o julgar. E isto mantém-nos no nosso próprio mundo. E desta forma, nada conseguimos aprender com as pessoas à nossa volta. Isto é algo que, em primeira mão, nos impede de acreditar mais no mundo. O julgamento é o que cria uma barreira entre quem somos e toda e qualquer pessoa que olhe para o mundo e possua uma capacidade de visão diferente da nossa. O julgamento impede-nos, por exemplo, de ser empáticos e humildes.

O simples facto de escolher não julgar pode não abrir novas portas. Pelo menos, não fecha as que temos abertas. É o primeiro melhor passo rumo à aceitação pela opinião do próximo. Focando atenção no não julgamento neste momento: se o nosso comportamento natural é o de julgar, primeiro temos de nos treinar, mentalmente, de forma a que a nossa primeira reação não seja o julgamento. E aí temos de trocar o julgamento por algo. Em primeiro lugar, pode ser neutralidade. Até se pode usar ignorância, que é ligeiramente melhor que julgamento. Até que temos um comportamento treinado em não julgar.

Respeito

Um dos meus valores basilares. Que, mais do que isso, é algo que representa uma grande fatia da interação social humana. Sem o respeito, muitas interações são insustetáveis. Mais importante para uns do que para outros e ainda assim essencial a todos nós, em alguma medida.

Quando conseguimos adaptar-nos a não julgar quem nos rodeia, o passo seguinte é colocar o respeito no lugar do julgamento. Passar do atalho fácil da depreciação para o caminho da expansão. O respeito expande porque nos permite aprender algo novo. No mínimo, que seja uma forma como não queremos fazer algo ou viver. E continua a ser uma aprendizagem, por mais contrário que seja ao nosso modo de viver e de perspetiva.

Respeitar a opinião alheia significa reconhecer a existência de diferenças e ainda assim escolher aceitar ou não se queremos um determinado comportamento, ação, atitude, valor ou crença diferente ou desconhecido para nós, de forma a integrar ou não isso na nossa vida, caso faça ou não sentido.

Saber respeitar é um ato nobre de permitir ao outro ser quem ele é, desde que, e aqui é muito importante, ele não interfira de algum modo com a minha forma de viver ao ser quem é. E vice-versa, claro. As interações humanas são reciprocas. Qualquer hipótese que coloquemos possível de ser feita por nós, pode ser feita a nós. E aqui não é sobre “faz aos outros o que gostava que te fizessem a ti”. Porque, partindo do princípio que todos somos diferentes, aquilo que eu aprecio que seja feito por mim e para mim vai ser completamente diferente daquilo que outra pesoa, com uma perspetiva de vida diferente da minha, vai apreciar que seja feito por ela e para ela. Por isso, a nossa máxima a nível de respeito deve tornar-se algo de género “faz às pessoas aquilo que elas gostavam que lhes fizessem a elas próprias”. E assim sim, conseguimos ser apreciados e que aqueles que temos por perto nos apreciem também.

Respeito é uma moeda de duas faces: temos de dar para receber. Se não o dermos não o merecemos receber. E mesmo que o ofereçamos, podemos não o receber. No entanto, fizemos a nossa parte.

Photo by David Clode on Unsplash

Respeito é sobre respeitar primeiro e ser respeitado depois. Nunca podemos pedir algo de volta que não estejamos dispostos a oferecer em primeiro lugar. Só assim podemos ser dignos de merecer qualquer valor que seja que acreditamos que somos merecedores. O que não se enquadrar nesta metodologia valorimétrica, provém do ego e da necessidade de preencher um valor que achamos ser merecedores sem reciprocidade. Ou seja, é como querer o respeito de outros sem lhes dar o nosso.

Quero deixar-vos o final deste post com aquilo que será o final de todos os posts daqui para a frente, ao longo do ano, para vos lembrar continuamente: Tu és o que tu quiseres ser. Só tu és tu, e esse é o teu super-poder. Cabe-te a ti guardá-lo ou usá-lo.

Gladiadores, este ano promete o mesmo que qualquer outro antes dele e o mesmo que qualquer outro depois: absolutamente nada. Não é o ano, não é o mês, não é a semana, não é o dia, não é a hora, não é o minuto, não é o segundo que define a nossa vida. Somos nós. É cada um de vocês. Vou manter esta linha de pensamento nos posts ao longo do ano e continuar a criar e a entregar-vos conteúdo para que, de alguma forma, vocês consigam pegar nisto e alterar algo. O vosso estado. A vossa condição. As vossas circunstâncias. O mundo atual dá-nos oportunidades a todos os níveis para sermos muito bons em praticamente tudo. E estimula-nos, ao mesmo tempo, a querer tudo “para ontem” e de mão beijada. Um paradoxo contra o qual temos de lutar diariamente. O que se constrói rápido perde-se mais depressa. O que se constrói a um ritmo firme não só vale a pena como também tem uma base para durar gerações. Um legado desenvolve-se assim. Deixem cá algo que possa viver depois da vossa vida e que carregue a vossa essência por gerações e gerações.

Eu vs EU. Que ganhe o melhor. Vão vencer!

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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