Guerra Interna
Esta semana, é sobre guerra. Isso mesmo. Não a habitual que vemos nos filmes: com as armas, as organizações, as alianças, as traições, os tiros e as mortes. Não. Hoje falamos da guerra mais importante, a de todos os dias: a nossa guerra interna. Ser melhor implica vencer esta batalha diariamente. A guerra interna é na realidade uma guerra infinita, um puro conceito que muitos criaram, de uma ou outra forma, uma ou outra perspetiva, para fazer referência à batalha campal diária de nos tornarmos melhores.
Já abordei um pouco toda esta temática nas publicações iniciais, pois isto é a essência deste blog, vencer a mente e alcançar uma melhoria constante da nossa vida, a todos os níveis possíveis, dos mais básicos aos mais avançados. Tal como referi acima, a guerra interna é infinita. Pois, por muito que estejamos em paz, essa paz tem um custo de manutenção. E esse custo é vencer esta batalha diária. Quando nos conformamos com algo, falemos em específico da nossa paz interior, por exemplo, algo virá, possivelmente da nossa mente reptiliana de sobrevivência, para nos roubar essa paz e arrastar de volta ao conforto desleixado onde estávamos. Todos os aspetos da nossa vida funcionam desta forma. A jornada para alcançar algo é muito mais fácil do que a maioria imagina. O que dá trabalho, na realidade, é a manutenção das novas condições que atingimos, porque o que é desconhecido, para ser mantido, tem de ser aprendido e conhecido, de forma a que se torne a nova norma. Esta é a essência da guerra interna. Passar, de degrau em degrau, de novo nível para novo nível na vida. De uma qualidade boa para uma melhor. Para isso, é preciso enfrentar todo o conforto, todo o sentimento de procrastinação, toda a preguiça que nos impede de atingir o novo determinado patamar. Esta é a melhor forma que tenho de vos descrever o fenómeno que reconheço como guerra interna.
Sim, sim, já sei. Tudo muito bonito. E como ganhamos a guerra? Como se faz para vencer a batalha contra a mente todos os dias? Primeiro, só o pensamento de fazer algo todos os dias já nos destrói de antemão, antes de fazermos o que quer que seja. Aí entra a importância de pequenas coisas como saber viver e apreciar o presente (tem esse nome por alguma razão) e o significado que damos a essa mesma situação. Posto isto, vamos à ação.
Esta batalha, como qualquer outra, vence-se com pequenos passos. Sair da cama à hora que decidimos. Sem ronha, sem aqueles cinco minutos de nada. Aqui temos a primeira vitória. Preguiça vencida. Executamos a nossa rotina. Segunda vitória, sobre a falta de vontade. Quando vamos comer, escolhemos a alimentação pela nutrição. Terceira vitória, sobre a tentação momentânea. O dia decorre e escolhemos focar-nos no trabalho. Quarta vitória, vencemos as distrações. Depois de cumprir as tarefas que tínhamos delineado, sabemos que estamos no caminho certo. Escolhemos ver um filme, como recompensa. Vitória cinco, reforço positivo por um bom dia de trabalho e execução. E, à medida que o dia desvanece e a noite se instala, permitimos ao nosso corpo relaxar, largamos o trabalho, a tecnologia e estamos sós, connosco, para tirar o maior partido do nosso descanso. Sexta vitória do dia e segunda frente às distrações. A sétima vitória vem do facto de nos permitirmos descansar, de forma a ter a energia total para enfrentar mais uma série de batalhas no dia seguinte. E assim, dia a dia, momento a momento, batalha a batalha, vitória a vitória, vamos vencendo a guerra connosco. Podemos contabilizar as batalhas como quisermos. O importante é que a nova norma da nossa vida se torne vencermo-nos de forma constante. Bater a falta de vontade. Superar a preguiça. Ultrapassar a procrastinação. Dizer não com toda a convicção aos prazeres momentâneos, para sermos recompensados com os prazeres permanentes mais à frente, consequência das nossas vitórias. Que no fundo, são nada mais nada menos que pequenas decisões difíceis que tornam a nossa vida fácil no futuro, como consequência do nosso presente. “O passado é de pedra, o futuro é de barro”. O que aconteceu, aconteceu. Nada altera isso. O único que podemos fazer é escrever e decidir o que vem para nós daqui para a frente. Temos sempre uma conta a pagar e ela é fruto das nossas escolhas e decisões.