Experiências de Vida

E se a vida for a experiência?

Daniel Covas
5 min readFeb 22, 2024

Já escrevi aqui, há algum tempo, sobre o tema “Currículo de Vida”. A ideia desta publicação hoje é um pouco diferente. Apesar de serem tópicos que se interligam, ao mesmo tempo são assuntos que percorrem caminhos um pouco diferentes. Desta forma, ainda que as experiências que temos, a nível formativo ou lúdico contribuam para a forma como fazemos as coisas em qualquer ambiente, vou abordar a palavra “experiência” de uma perspetiva refrescante.

Experiências

As experiências, ou melhor, a forma como as quero considerar nesta composição textual, é como diz no dicionário “ato de experimentar”. Não estou a referir a experiência que acumulamos por repetição de uma ação. Não. Estou a falar daquelas coisas que nos entusiasmam e fascinam por experimentarmos. Saltar de paraquedas, viajar para um novo país ou continente, conhecer uma nova cultura, experimentar uma nova comida, ir a um spa, fazer uma massagem, jantar num novo restaurante…

Existem um sem número de experiências que podemos realizar ao longo da nossa vida. Normalmente, essas experiências fazem parte dos nossos sonhos. No início da jornada que é a nossa vida, parecemos ter tantos e tão grandes, tão diversos. Por alguma razão, ao longo do caminho, vamo-nos acomodando e conformando a uma certa rotina e quase começamos a abominar aquilo que sai fora dela porque, ou é um luxo, ou não há dinheiro, ou não se tem tempo, ou não é a melhor altura, ou o periquito morreu… desculpas atrás de desculpas que damos a nós próprios para não viver ou não fazer alguma coisa. Sim, é uma crítica. Não, não quero que vivas uma vida para lá das tuas possibilidades. Novamente, a questão que se coloca é o equilíbrio. O balanço. A harmonia.

Devemos, obviamente, adequar as experiências a viver com as capacidades que temos de as viver. Isto reverte para algo que é extremamente importante: a forma como decidimos e escolhemos viver.

Atenta nisto:

  • Quando te conformas com a vida que vives, te prendes à rotina que tens e resistes a tudo o que te estimula a sair fora dessa zona confortável, não estás disposto a experimentar algo novo e diferente. Não expandes a tua vida. Não vives para lá do que conheces. Assim, ficas neste loop interminável, aprisionado a uma vida em que não procuras nada a mais.
  • Quando te focas em fazer mais com a tua vida, em procurar oportunidades que te permitam viver experiências únicas e diferentes, de forma a quebrar a rotina, a saltar para níveis de consciência novos e aprender mais com a vida, numa zona de aprendizagem, superação e coragem, expandes. Crias uma escada de crescimento que faz mover a vida numa direção ascendente.

Percepção de evolução — Encarar as experiências

Como se sabe, existem dentro do nosso próprio mundo medos aparentemente inatos — as conhecidas fobias. Entre outros fatores, esse pode ser um grande impedimento a experimentar novas experiências. O que significa que, mesmo após a exposição oposta de argumentos com que fechei o parágrafo anterior, as coisas não são lineares e a mesma experiência influencia pessoas de forma completamente diferente. Para uns, saltar de paraquedas será algo irreverente, dinâmico, diferente, com muita adrenalina. Para outros, será algo terrorífico, que nunca irão experimentar. Pelo meio, existem aqueles que têm algum receio disfarçado de medo e que até poderão experimentar e obter um resultado de satisfação ou insatisfação. É incerto, até ser feito. Ou seja, nem todos beneficiamos com as mesmas experiências, o que nos traz de volta a uma pergunta central:

O que faz sentido para mim?

O autoconhecimento não é só para dizer que nos entendemos, que sabemos lidar connosco e que somos evoluídos. Isso é treta, ego inchado. Autoconhecimento é compreendermos o que faz de nós quem somos, o quanto aceitamos ou pretendemos mudar isso; onde estão os nossos limites biológicos, de forma a estabelecer objetivos e metas saudáveis para o nosso progresso nos vários domínios da vida. De forma simples e numa palavra, é ter uma consciência adaptável e em evolução. Assim, conseguimos procurar e sobretudo, melhor encontrar experiências adequadas a quem somos e que nos possam proporcionar aquilo que procuramos: evolução, emoção, lazer, experimentação de algo novo. Aquele cocktail de sensações que nos faz sentir vivo!

Considerações finais

Quer seja uma saída fora para jantar num restaurante, fazer bungee jumping num penhasco com um rio pouco profundo ou dormir num hotel suspenso, todas as experiências têm a sua validade, o seu contexto, a sua viabilidade e sobretudo, o seu encaixe na vida de cada um. Existem muitas experiências que eu próprio sei que nunca irei fazer, por não serem algo prazeroso ou de interesse para mim. Da mesma forma que sei que existem muitas ainda que vou realizar, por serem experiências novas, que me fascinam profundamente, sejam simples ou complexas. Dando exemplos de coisas simples e mais radicais, uma escape room é uma atividade que me desperta muita curiosidade. Saltar de paraquedas, por motivos diferentes claro, também é algo na lista de desejos. Desde viagens a experiências gastronómicas, passando por ocasionais atividades radicais e de exploração natural, sou um entusiasta de experimentar o que o mundo tem de melhor a oferecer, de acordo com os meus interesses. Por exemplo, andar de moto e jogar golfe são duas atividades/experiências que não me chamam nem um pouco a atenção. Se a minha perspetiva não se alterar em relação a elas, certamente nunca as experimentarei.

Como vês, tudo vale. Quer seja o queres fazer como o que não queres fazer. Novamente lembro, a ideia aqui hoje é sobretudo refletir nos nossos sonhos profundos e adormecidos e na razão de porque os deixámos na gaveta, trancados e esquecidos. Podem ter deixado de fazer sentido ou podemos simplesmente ter baixo os braços e desistido deles. O resultado é semelhante, a atitude é completamente diferente. Os sonhos são um dos motores da nossa evolução. Muitas vezes, são a impulsão para a nossa curiosidade e o combustível das nossas ações diárias. Muitas vezes, andamos perdidos à procura de um propósito, quando ele está enrolado no sonho que temos acorrentado na nossa mente. Seja pela razão que for, é importante reconsiderar esta bonita capacidade que temos de sonhar. Estabelecer um plano para o atingir e ir celebrando essa jornada. Talvez nunca o venhamos sequer a alcançar. Porque talvez, só talvez, no caminho encontremos algo que nunca esperámos e que nos acrescenta tanto à vida que começamos aí a criar as fundações para aquela escada de progresso crescente que falei acima. No final de contas, experiência após experiência, convívio após convívio, pessoa após pessoa, momento após momento, ação após ação, a nossa vida vai-se desenrolando, dia após dia.

No final, a soma de tudo, faz da vida a derradeira experiência!

Já tornaste a tua vida na tua própria forma de experimentar o mundo?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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