Equilíbrio Vida/Trabalho

Daniel Covas
7 min readFeb 27, 2023

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Uma publicação que saiu um pouco “fora de prazo”. Não porque não saiba o que escrever. Como normal, não sei é o que não escrever…

Curiosamente, cada vez que escolho um tema para abordar aqui, algo relacionado com ele me acontece e tenho de escolher a prática sobre a teoria, para garantir que coloco as minhas ações em primeiro, para corroborarem as minhas palavras, e não ao contrário.

Este foi um fim de semana inesperado (o segundo seguido, curiosamente), passado de uma forma totalmente não planeada. Passei o dia de sábado e domingo a jogar e assistir ao torneio de padel, realizado no complexo do EuroPadel aqui de Elvas. E o que importa isso e o que tem a ver com este tema? Tudo.

  • A vida e o trabalho
  • O equilíbrio
  • As oportunidades de potenciar as partes
  • Conclusões

Vida

Sei que este tópico é intuitivo. Como será o próximo. Como são quase todas as temáticas e publicações que faço aqui. No entanto, aprendi há algum tempo um coisa que me marcou desde aí: Por vezes, por algo ser tão simples, está tão na nossa cara, que não o conseguimos ver da forma que devíamos. E assumimos simplesmente a sua existência, sem questões. No entanto, perguntas são aquilo que nos faz mover. Uma das coisas, pelo menos. O ato de questionar, gera respostas. Respostas, produzem conclusões. E isso, leva-nos a novos caminhos. A não ser que continuemos a fazer sempre as mesmas perguntas. Porque, fazer a mesma pergunta e esperar uma resposta diferente, é procurar a razão onde ela não existe. Ser donos da verdade não nos dá vida. Pelo contrário. É a constante busca de novas verdades, novas perspetivas, novas aprendizagens que nos faz evoluir e ser mais. É o estimular da nossa criatividade, para ativar os nossos melhores recursos, que nos apoia no processo de desenvolvimento e crescimento. Isto, é a vida. Todas as dimensões do que nós somos. As pessoas com que nos relacionamos. Aquilo que fazemos com o nosso tempo e os nossos dias, fora do nosso trabalho. O que aprendemos. O que comemos. O que lemos. Tudo isso, cada pequeno aspeto, é a nossa vida.

Trabalho

É tudo aquilo que não é a nossa vida em específico. Daí o equilíbrio ser tão importante. Porque aquilo que fazemos no trabalho constrói a nossa vida e aquilo que fazemos na nossa vida constrói o nosso trabalho. Ou destrói. Retroalimentação é um conceito impressionante na vida, que nos força a compreender a origem do que fazemos, pensamos e sentimos. Porque se o trabalho nos corre mal, por exemplo, o problema não está no trabalho. Aí, é onde ele se está a revelar. A origem nunca está na manifestação. Se o trabalho corre mal, pode significar que não andamos a dormir bem. Que nos estamos a alimentar de forma pobre. Que estamos a desperdiçar o nosso tempo fora dele. E isso, provoca um mau estar no trabalho. Mas o problema em si, está na vida que levamos. Isto é retroalimentação, quando um aspeto move outro, sem ambos estarem diretamente relacionados (apesar de, na vida, tudo estar ligado). Voltando ao início, vamos definir trabalho como a atividade geradora de capital financeiro para viver a nossa vida.

Photo by Aaron Burden on Unsplash

Equilíbrio

Pego aqui numa definição mais técnica para este termo (fonte: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/equil%C3%ADbrio):

Proporção harmoniosa entre as partes constituintes

Nesta bonita e simples definição, a par com a imagem acima, entendemos uma coisa extremamente importante: o equilíbrio não está, necessariamente, no meio. Quando pensamos em equilíbrio, pensamos na metade. Nos 50/50. Em que ambas as partes aplicam um mesmo esforço, mútuo ou contrário, de forma a alcançar uma plenitude, equilibrada. Em muitos casos da nossa vida, apesar desta conotação que desenvolvemos ao longo do tempo, equilíbrio não é sobre este meio-termo, é sobre o balanço entre os dois extremos que representam o equilíbrio que estamos à procura. E esse, pode ser algo como 60/40, 70/30, 80/20, 90/10, ou qualquer coisa pelo meio disto.
Quando falamos do equilíbrio vida/trabalho, falamos de algo deste género. De um equilíbrio que não é precisamente semelhante, nem deve ser! Devemos efetivamente dar mais tempo a nós próprios, à nossa vida, do que ao nosso trabalho. Sempre, sem confundir, a quantidade de tempo dedicado com a qualidade do tempo que dedicamos. A divisão diária é, por exemplo, um excelente ponto de partida: um terço do dia a trabalhar, um terço do dia para nós e as nossas atividades e um terço do dia a dormir. Isto dá um equilíbrio vida trabalho de 67/33, mais número, menos número. Para quem procura um ínicio de balanço, este é um bom ponto de partida.

Photo by Jeff Sheldon on Unsplash

Potenciar as partes

Ainda que possamos estabelecer uma regra para o nosso equilíbrio, de forma a termos métricas para trabalhar em direção a, temos de ter noção que a vida nos vai proporcionar momentos inesperados, que vão causar distúrbios no nosso equilíbrio desejado. Desta forma, temos de saber rebalancear o equilíbrio. Um dos exemplos mais comuns, a nivel de analogia comparativa, é uma árvore. Que, ainda que seja forte e rígida, só sobrevive aos ventos fortes se for flexível o suficiente. Ou seja, o equílibrio não é sobre regras. É, como a maioria das coisas, uma questão de adaptação constante às variáveis externas.

Ou seja, quando há momentos em que o trabalho exige mais de nós e desequilibra aquilo que é o nosso tempo para viver, temos de nos saber adaptar de forma a usar a menor quantidade de tempo própria com uma qualidade maior, que nos permita recuperar daquilo que foi o excesso que tivemos na parte do trabalho. O mesmo, em proporção inversa, no caso contrário. Quando surgem oportunidades em que a carga de trabalho alivia e podemos ter mais tempo para viver, devemos aproveitar isso, não no sentido de “descansar do trabalho” e sim de viver plenamente.

Aquilo que muitas vezes acontece, é misturarmos estes termos, “levando” a nossa vida para o trabalho e “trazendo” o trabalho para a vida. E aí, deixamos de conseguir encontrar um equilíbrio. Porque, ao não estabelecermos limites, onde começa e acaba uma e outra coisa, não as conseguimos separar. E assim, não existe forma de alcançar qualquer tipo de equilíbrio.

Temos momentos na vida, de desequilíbrio. E são esses momentos que permitem que, na sua reestruturação, exista equilíbrio. É o saber lidar com as frustrações no trabalho em horário laboral e permitir que, quando estamos na nossa vida pessoal, esses desafios fiquem lá. E a mesma coisa quanto aos nossos problemas pessoais, que devem permanecer em casa. Tudo é balanço. Não uma forma certa ou errada de fazer o que quer que seja. O importante é que, se há algo que sentimos no nosso interior que está a “mexer” connosco, seja dentro da nossa vida ou do nosso trabalho, que procuremos a origem e a forma de solucionar isso, para que possamos viver livres de queixas, de preconceitos, de obstáculos emocionais, mentais ou fisícos, de qualquer espécie.

Photo by Will Francis on Unsplash

Conclusões

Após descontruir cada parte deste conceito, desta ideia tão debatida, que vai muito mais além daquilo que escrevi (mas prefiro dar-vos 10 minutos de leitura para despertar pontos importantes, do que aborrecimentos de 30 minutos em teorias complexas), finalizo com uma breve e simples relação entre todas.
O equilíbrio entre a nossa vida e o nosso trabalho, de forma a ser saudável, compreende em primeiro lugar, uma coisa: conhecermos quem somos. Entender o quão estamos satisfeitos com o trabalho que fazemos. O quão satisfeito estamos com a vida que temos. E o quão satisfeito estamos com a relação temporal que estamos a investir em cada uma das partes, que geram este equilíbrio.

Assim, ao procurarmos perguntar-nos estas coisas, sobre a nossa satisfação com a vida, com o trabalho, com o equilíbrio e a relação entre eles, conseguimos criar uma base vital para as restantes áreas da nossa vida. Isto porque, a atividade que contribui principalmente para nos “alimentar” financeiramente (o nosso trabalho), resolve uma das principais preocupações da sociedade contemporânea: dinheiro.

O essencial é, quando estamos a viver a nossa vida, estamos focados nela. Em qualquer que seja a atividade que estamos a desenvolver. A mesma coisa para o nosso trabalho, quando o estamos a desenvolver, devemos estar totalmente focados nele.

Ao executarmos as coisas desta forma, com foco total em cada parte, permitindo que existam as divergências pelas variáveis da vida, que não controlamos, vamos permitir-nos viver e trabalhar de forma plena, no melhor equilíbrio entre a vida e o trabalho que podemos obter, perante quem somos e o que melhor estimula a nossa personalidade.

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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