Equilíbrio

Daniel Covas
6 min readDec 12, 2022

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Para fechar esta semana, dado a experiência de quebra que vivi durante os últimos dias, com várias diferenças energéticas, trago um tema que durante um tempo foi tudo o que procurei e durante um outro tempo foi tudo o que repugnei. Equilíbrio é um tema que é abordado de forma diferente por cada um. Pois cada um de nós tem níveis de interesse diferentes em vários assuntos. E vamos abordar cada tema da nossa vida consoante o nível de interesse que temos nesse mesmo assunto.

· Dos extremos ao equilíbrio: O certo e o errado

· O que é o equilíbrio saudável?

· Equilíbrio é diferente de domínio total

Extremos e equilíbrio: Certo e errado

Hoje em dia, deixei de acreditar um pouco no certo e errado. Existe a realidade do momento e perante essas circunstâncias, existe um determinado ponto certo e outro que não é tão certo. Em momentos de criação, o extremo é melhor que o equilíbrio para o foco direcionado. Já em momentos de apreciação, o equilíbrio é mais favorável para a plenitude.

Agora, esmiuçando cada um dos dois: Existem momentos em que queremos entrar em ação. Produzir. Criar. Isso é uma altura em que queremos realmente focar-nos em específico naquilo que seja a área da nossa criação. E aí, temos de entrar nos extremos: No extremo positivo, máximo, dentro do foco da criação. E no extremo negativo, mínimo, nas áreas que não contribuem para a nossa criação.

Exemplo: Queremos atingir um objetivo físico. Correr uma maratona. Para onde vai o foco? Treino de corrida, treino de reforço muscular, alimentação, descanso e preparação mental. Ou seja, este vai ser o caminho percorrido para o extremo máximo. No caso de nos querermos superar ao máximo, vamos respirar corrida. Vamos pensar em correr. Sonhar com corridas. E vamos esquecer a maior parte das restantes coisas da nossa vida. Para além deste aspeto principal, temos aquilo que complementa a prática das corridas — o reforço muscular, o descanso, a alimentação e a preparação mental. Nestas áreas, vamos também levar estes aspetos a um extremo de prioridade e regras. Uma alimentação limpa ao máximo. Um descanso nas condições mais favoráveis possíveis. Um treino que fortaleça o corpo no geral e essencialmente as zonas do corpo responsáveis pela corrida a nível de movimento e resistência. Um fortalecimento mental, através de livros e exemplos de pessoas, conhecidas ou não, que já tenham completado uma maratona. E ficamos neste modo de imersão, focado nos extremos destes aspetos, para maximizar o nosso desempenho. Nos restantes aspetos da vida, ficamos em extremos negativos e descompensamos um pouco essas áreas. Assim que sentirmos que estamos preparados para a nossa maratona a nível do foco extremo físico e dos aspetos de extremo máximo (uma a duas semanas antes), podemos começar a dar alguma atenção aos aspetos que menosprezamos durante o período de treino e foco.

Deste modo, após completar a maratona, temos algo importante a fazer: apreciar e celebrar. E para celebrar e apreciar, convém que estejamos num certo nível de equilíbrio, com um foco na nossa plenitude. Neste momento, o que importa é o lazer. E aqui entra um pouco um certo paradoxo: para celebrarmos na maior plenitude, temos de possuir um nível de equilíbrio elevado e ao mesmo tempo ter um foco extremo naquilo que é o nosso lazer e divertimento. Pois para apreciar, ao contrário do processo de foco, temos de nos sentir bem como um todo. Pois o foco é um processo de sacríficio momentâneo para um recompensa após a jornada. A apreciação é um processo de pura presença com uma recompensa prolongada ao longo do tempo, todos os dias.

Equilíbrio saudável

Este ideal está resumido no final do ponto anterior. Eu acredito que o equilíbrio saudável é um ciclo entre estar nos extremos em determinados momentos e num belo equilíbrio noutros momentos. É precisamente a alternância entre este tipo de momentos que cria o verdadeiro equilíbrio. A minha mente binária assume muita a totalidade da vida com o sim e não, o certo e o erado, preto e branco. Muitas das vezes, porém, perco muito daquilo que está na “zona cinzenta”. Aí, existe tanto valor para ser recolhido. Tanta hipótese para ser discutida. Tantas opções para entender e considerar. Nessa zona estão as maiores aprendizagens que seres binários como eu podemos obter. Da forma contrária, é nos extremos que estão as maiores aprendizagens de quem se preocupa em manter um balanço geral na vida.

Photo by Christophe Hautier on Unsplash

Equilíbrio ≠ Domínio total

Equilíbrio não significa, nem de perto, perfeição ou domínio total. Equilíbrio está relacionado com bem-estar, leveza, plenitude. Significa que, num determinado momento, com aquilo que temos (e não falo apenas do material) e com aquilo que sabemos, estamos no melhor ponto onde podíamos estar na nossa vida. Quando sentimos realmente que não existe nada ao nosso alcance que possa melhorar mais ainda o nosso presente. Raramente veremos alguém que não tem nada para aprender nalguma área da sua vida. E isso não significa que essa pessoa não esteja num ponto de equilíbrio extraordinário. Significa apenas que, existem coisas que ela ainda não sabe, conhecimento que ainda não possui e clareza que não obteve, que podem certamente tornar o seu futuro melhor. E, sendo coisas que ainda não possui, são fatores que não influenciam o presente. Estando fora do nosso controlo, tem de estar fora do nosso foco também, ou vamos cair num registo de ansiedade, que é quando estamos incomodados com aquilo que não temos, ao invés de presenciar e apreciar aquilo que efetivamente conquistámos e possuímos num determinado momento. Por isso se chama “presente”. Porque este momento, que estamos a viver precisamente agora, no presente, é uma dádiva. Um milagre. Um presente.

O domínio total do ser não está em ser o melhor em tudo. Está em assumir que somos muito bons nas nossas áreas de excelência e que somos eternos aprendizes em tudo aquilo que foge à nossa aptidão, preferência e foco.

Desta forma, o equilíbrio é uma fase que vivemos. Não é uma constante. A nossa consciência perante o estado que mais se adequa a cada fase e cada momento da nossa vida, essa sim, deve ser constante. E esse balanço, entre aplicar e viver num extremo e depois num equilíbrio, é sim o ciclo que cria o verdadeiro equilíbrio que é a nossa vida.

Quero deixar-vos o final deste post com aquilo que será o final de todos os posts daqui para a frente, ao longo do ano, para vos lembrar continuamente: Tu és o que tu quiseres ser. Só tu és tu, e esse é o teu super-poder. Cabe-te a ti guardá-lo ou usá-lo.

Gladiadores, este ano promete o mesmo que qualquer outro antes dele e o mesmo que qualquer outro depois: absolutamente nada. Não é o ano, não é o mês, não é a semana, não é o dia, não é a hora, não é o minuto, não é o segundo que define a nossa vida. Somos nós. É cada um de vocês. Vou manter esta linha de pensamento nos posts ao longo do ano e continuar a criar e a entregar-vos conteúdo para que, de alguma forma, vocês consigam pegar nisto e alterar algo. O vosso estado. A vossa condição. As vossas circunstâncias. O mundo atual dá-nos oportunidades a todos os níveis para sermos muito bons em praticamente tudo. E estimula-nos, ao mesmo tempo, a querer tudo “para ontem” e de mão beijada. Um paradoxo contra o qual temos de lutar diariamente. O que se constrói rápido perde-se mais depressa. O que se constrói a um ritmo firme não só vale a pena como também tem uma base para durar gerações. Um legado desenvolve-se assim. Deixem cá algo que possa viver depois da vossa vida e que carregue a vossa essência por gerações e gerações.

Eu vs EU. Que ganhe o melhor. Vão vencer!

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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