Contemplação

Para, observa e aprecia

Daniel Covas
4 min readJul 20, 2023

Sim, eu sou um crítico da tecnologia que se farta de a usar em várias ocasiões. A hipocrisia, pensarão vocês. É o que é. Eu acredito e valorizo o poder da tecnologia. No espetro oposto, valorizo muito mais, na realidade, os momentos que passo longe dela. A vossa opinião é a vossa opinião, a minha é a minha e a única premissa que tenho, ao longo de qualquer artigo neste blog, é o respeito e a abertura de mente para que possas aproveitar (ou rejeitar) as ideias que te apresento. Afinal de contas, existe uma secção de comentários onde podemos, de forma saudável, debater sobre qualquer coisa a nível daquilo que escrevo. Contempla um pouco estas palavras, se assim o quiseres. Afinal de contas, é esse o tema de hoje.

  • A importância de contemplar
  • O ponto de equilíbrio
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A importância de contemplar

Atualmente, contemplar é praticamente uma arte, pelo tão pouco que se executa regularmente. Nos tempos antigos, contemplar era uma prática, quase tão normal como o é, nos dias correntes, lavar os dentes. Não é que se tenha perdido. Ela continua presente, em todos nós. Simplesmente, foi substituída. Caiu em desuso. Perdeu importância, na escala da vida e das prioridades que temos. Ainda assim, a importância de contemplar é inegável. Tu, que estás desse lado, provavelmente tens um local especial para ti. Um espaço. Um santuário. O que quer que seja, onde vais para pensar. Em busca do silêncio, para encontrar clareza. Isso é contemplação. Foi a isso que a resumimos. A um momento de reflexão, quando as coisas que nos rodeiam nos estão a tirar do nosso curso, do nosso caminho. Por outro lado, todos nós, de uma forma ou de outra, já experimentámos o extremo opositor desse a nível de contemplação, quando vamos viajar e visitar um novo local. Quando estamos de férias. Temos aqueles pequenos momentos em que paramos para observar, seja a simplicidade, a grandeza, a beleza, a complexidade, a extravagância… A característica que for. Todos nós já reconhecemos, em algum momento, o poder da contemplação. Seja na natureza, em locais, em obras humanas ou noutras pessoas. Qualquer coisa à nossa volta tem o dom de poder ser contemplado, quando estamos no espaço mental permissivo para tal ação. O chamamento para a contemplação tanto surge de momentos extremamente positivos, que nos levam a uma contemplação gratificante, como de momentos menos bons, que nos levam a uma contemplação introspetiva.

Ponto de equilíbrio

Agora, a ideia não é sermos contempladores a toda a hora. Como qualquer outra coisa, é ter a consciência da importância de tal habilidade, da sua importância na nossa lista de prioridades e da satisfação que nos dá, perante as nossas necessidades. Se considerarmos a habilidade de contemplar, no outro lado linha teremos provavelmente a alienação. Porque contemplar é observar realmente, conscientemente, num estado de presença pura, em que estamos despertos a tudo o que se passa. O contrário disso, será portanto estar em modo automático, a divagar, a deixar acontecer e a observar inconscientemente. Falei, na introdução, sobre a questão tecnológica. Referia-me, à questão específica do telemóvel e das redes sociais. O aspeto que, muito provavelmente, mais prende a nossa atenção de forma inconsciente nos tempos atuais. Uma das atividades que mais nos impede de contemplar e nos mantém alienados. Se podemos usar as redes sociais de forma consciente e produtiva? Claro que sim. No entanto, isso exige de nós um nível de esforço brutal, pela forma viciante como elas estão criadas. O que nos permite balançar a vida é a contemplação. A capacidade de observarmos o que é natural, ao invés de observar o que é artificial.

No que toca a equilibrio, somos todos diferentes. Como referi na semana passada, temos necessidades diferentes e também, formas diferentes de as satisfazer. É isso (entre tantas outras coisas) que caracteriza a nossa unicidade. Quando falo em equilíbrio, é sobre termos em conta os dois extremos, neste caso específico, a contemplação e a alienação, e perceber o quanto cada um pertence à nossa vida. O quanto estamos satisfeitos com isso e como desejamos que esse equilíbrio realmente seja. Mentalmente, faço este exercício com a variação, entre 0–100%, para entender o quanto quero cada um dos aspetos presentes na minha vida. Falando deste caso e partilhando com vocês, guardo momentos específicos no meu dia, para praticar contemplação. O meu baseline são 40% como mínimo e 80% de máximo. Porque há dias em que o trabalho que faço me tira mais do que quero e tenho de me manter tecnologicamente ligado 60% do tempo (que é o máximo). Por outro lado, no mínimo, tenho 20% de tecnologia diária, para estudar, ver vídeos de xadrez, padel, trabalhar. É um uso intencional dos ecrãs, sim. E não é contemplação. Portanto, este é o meu equilibrio, serve apenas como exemplo. Para ti, pode ser (e espero que seja) diferente. Talvez tenhas uma necessidade menor de contemplação. Talvez tenhas uma ainda maior. Seja como for, espero que estejas a viver o teu equilibrio contemplativo/tecnológico de forma saudável. E se ganhaste um pouco mais de consciência ao longo desta publicação, desejo que trabalhes em encontrar o equilíbrio que mais te servir. A secção de comentários está aberta e também, se preferires, podes contactar-me diretamente e terei todo o gosto em dar-te algumas dicas de como trabalhares de forma objetiva a atingires esse equilíbrio.

Já te permitiste contemplar a tua vida hoje?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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