Coaching
A minha verdadeira opinião de uma indústria única
Chamam-lhe uma das “profissões da moda”. Porque nas redes sociais, todos são coaches. Pelo menos, é o que ouço tantas vezes dizerem. Mas afinal a liberdade não é sobre sermos o que quisermos? E se muitos de nós quisermos fazer a mesma coisa? Afinal de contas, todas as outras áreas do mercado têm uma mão cheia de profissionais. Porque deve o coaching ser diferente? Com a disseminação das redes sociais, isto parece ser algo novo e do momento. A realidade? Bem, o coaching de seu nome, como conhecido atualmente, foi introduzido pelo senhor Tony Robbins, há quase meio século atrás. Antes disso, as primeiras referências ao termo, neste contexto de orientar alguém rumo a um objetivo, surgiram em 1830. De novo, já não tem muito. Da minha parte, apesar de ser suspeito ao dizê-lo, arrisco-me afirmar que continuará a fazer parte, cada vez mais integrante, do nosso futuro, a todos os níveis.
- As facetas
- A utilidade
- A complementaridade
Facetas
Não vos quero só vir “falar bem” do coaching. Quero comunicar-vos, sobretudo, a minha verdade. Porque como em qualquer outra coisa da nossa vida, temos pontos favoráveis e pontos desfavoráveis. Nada, na existência, é perfeito. Tudo é um balanço. A matéria tem a anti-matéria. O bem tem o mal. Cada aspeto tem dois lados que permitem que ele exista, através da manifestação contínua de ambas as partes, sendo que alternam sobre qual se manifesta mais a cada momento.
Voltando ao Coaching. Esta incrível indústria, que promete a melhoria da nossa vida em todas as áreas. Como em qualquer outro setor, a publicidade para vender tem de abrilhantar o produto ou serviço. Vemos isso todos os dias, com tantas outras coisas. No entanto, aqui estamos a falar da vida das pessoas. Por isso não sou muito apologista desta “publicidade transformista” de promessas e garantias. Pelo contrário, quando há resultados garantidos, fujo logo… Tenho, ao longo dos últimos anos, explorado este mundo no contexto nacional e internacional. Participado em eventos de propósitos e intenções variados. Entre eles, bastantes diferenças e algumas similaridades. Cada um com o seu estilo próprio. Com a sua área de especialização. Acabei por me “afiliar”, de certa forma, à mensagem que mais ressoa comigo, e que, quem sabe, pode vir a alterar-se novamente. Estamos em constante mudança, essa é uma verdade.
Bem, começando pelo ínicio (aqui a meio). O que é o coaching? Numa definição simples e generalizada, é uma forma de desenvolvimento na qual o profissional, coach, ajuda um cliente, coachee, a alcançar um objetivo pessoal, profissional e/ou relacional específico, através de treino e orientação. É uma prática que não é regulada como profissão em muitos países, por falta de um plano de estudos regulado, por não ter uma duração mínima de formação e por não haver uma prova para obter um certificado (apesar de, pelo menos na minha experiência de certificação, ter feito uma prova de apresentação de trabalho para obter o meu certificado). Este é, entre outros, um dos pontos não tão positivos. No entanto, cada vez mais, esta e outras práticas estão a ser aplicadas nos mais variados contextos. Porquê? Simples, porque funcionam.
O coaching atua em variadas vertentes, sendo as mais aclamadas:
- Coaching de Vida
- Coaching Executivo
- Coaching de Carreira
- Coaching Pessoal
- Coaching Mental
- Coaching de Alta Performance
Como em tantas outras profissões, novamente, consoante a área de especialização e a base em geral, existem bons e maus profissionais (voltamos à questão do equilíbrio). Como em qualquer outro setor. A diferença é que, não sendo algo regulamentado, o mau profissionalismo tende a afetar a indústria inteira. É a natureza humana.
O que temos de ter em conta e trazer para a mesa é que, cada vez mais, procuramos alternativas. Especialmente no que toca ao nosso bem-estar. Durante décadas, séculos até, saúde mental não era tema. Hoje em dia, talvez seja tema demais (estamos a descobrir o equilíbrio ainda enquanto sociedade, acredito). Onde quero chegar é que, especialmente na saúde, procuramos, mais do que tratar de nós, conhecer o nosso corpo, as suas partes e as suas dimensões. Procurar acupuntura, medicinas alternativas, práticas orientais, mais viradas para o ser. O coaching é, no fundo, uma alternativa. Uma escolha, na realidade.
Utilidade
Uma escolha que nos pode dar a conhecer mais sobre padrões de comportamento. Crenças. Valores. Identidade. Estado. Tantas outras coisas. Em que dimensões o coaching se torna útil? Quando nos sentimos perdidos. Quando queremos fazer mais, ter mais, ser mais. Quando queremos clareza. Nestes aspetos é onde entra em ação a sua potencialidade. Acredito profundamente que o coaching é algo transformador quando estamos dispostos a dar continuidade ao trabalho que se inicia. Comparativamente, ir ao ginásio durante algumas semanas e continuar uma alimentação pobre nutricionalmente não vai trazer grandes resultados. Trabalhar afincadamente em algo, sem uma direção ou objetivo claro em mente, resulta infrutífero, na maioria das vezes. Toda a gente precisa de um coach? Claramente a resposta é não. Se toda a gente merece, em alguma fase da sua vida, passar por um processo de coaching? Sim. Nem que seja só e apenas pela experiência de conhecer uma abordagem e perspetiva diferente.
Durante os meus anos mais recentes, cruzei-me com centenas, talvez milhares de pessoas, com quem tive algumas conversas. Uns descrecentes totais deste tipo de indústria. Outros, puros odiadores. Alguns curiosos. Bastantes interessados. Cada um no seu direito. Todos mereceram de mim o mesmo nível de respeito. A realidade, mesmo aqueles que odiavam o tema, nunca por uma vez disseram que não fazia sentido nenhum. Assumiam simplesmente que não era para eles ou que, como muitas vezes ouvi dizer, “não preciso disso”. Cada indivíduo, ao exercer a sua liberdade, tem o direito de ter a sua opinião e dizer o que pensa. E merece ser respeitado por isso. A linha ténue é quebrada, na minha perspetiva, quando queremos influenciar outros a assumirem a nossa verdade. Podemos recomendar ou não aquilo que praticamos. Partilhar é benéfico. Decidir pelo outro é prejudicial.
Pensei bastante antes de escrever esta publicação. Sei que é um tema sensível e capaz de suscitar bastante discórdia e desconforto. Por essas razões, decidi escrevê-lo na mesma. Devemos difundir os nossos interesses, sem os impor. Quem estiver alinhado connosco, vai apreciar. Quem não estiver, que passe e ignore. Com o devido respeito. A vida segue, sempre de uma melhor forma, quando damos espaço à manifestação da liberdade individual.
A complementaridade
Não existe área que mais seja equiparada ao coaching do que a psicologia. No entanto, acredito plenamente que são as duas áreas mais complementares que existem. Que deviam trabalhar em unissono e não em guerra uma com a outra. A psicologia está desenhada para nos apoiar, suportar e ensinar a reconhecer, aceitar e ultrapassar traumas e bloqueios do passado, que nos prendem de avançar na vida. Entre outras coisas, porque a psicologia não é só isso. Eu sei bem, já passei por um processo, com um psicólogo. É algo muito nobre e poderoso. O coaching, por outro lado, pega em nós do ponto onde estamos para nos levar até ao ponto onde queremos chegar. Um trabalha de trás para a frente, o outro trabalha da frente para trás. Unidos, são um poder incomparável. Por alguma razão, acham que estão no caminho um do outro. Existem profissionais de uma área que recorrem a conhecimentos e ferramentas da outra. Porque faz sentido. Porque se complementam. Se realmente o interesse é ajudar alguém, ainda bem que o fazem e ainda bem que assim é!
Eu acredito plenamente que o coaching é aquele “empurrão extra” que nós muitas vezes precisamos, em algum momento ou fase da nossa vida. Precisamente por isso, acredito que ele é complementar a praticamente tudo o resto, no que toca ao desenvolvimento mental e emocional, em específico.
Observações finais
Em coaching, por não ser uma área totalmente objetiva, há uma grande transposição pessoal do caractér individual para a prática profissional. Isso é o que, na minha opinião, vai ditar a forma e sobretudo o tipo de pessoas que vão recorrer a nós. É uma parte essencial, porque é o colocar de quem nós somos naquilo que fazemos que impele o reconhecimento e a humanização de um trabalho que tem de ir além.
Não sendo uma profissão regularizada, mais uma vez, sabemos que vão existir pessoas a aproveitar-se disso para fazerem um “dinheiro rápido”, alimentando-se do desespero do público. Isso não torna a indústria má, revela simplesmente um indivíduo com falta de ética e valores humanitários. Não condenamos a loja, condenamos o produto que não funciona. Então, não vamos condenar a indústria, vamos responsabilizar o profissional.
Tenho a certeza que irão continuar a existir bons e maus profissionais em todas as áreas. Formas diferentes de trabalhar, ao exercer diferentes profissões. As associações de coaching vão continuar a emergir, de forma a procurar uma maior regulamentação da prática profissional, o que é uma mais valia para controlar casos como os que referi acima, que todos conhecemos, especialmente neste tipo de indústrias. Que, infelizmente, acontecem também em profissões regularizadas. O mal está em todo o lado. É o que equilibra o bem.
Numa era como a de hoje, com excesso de informação, conhecimento e experiência é o que fazem a diferença. Aquilo que aprendemos, aplicamos e colhemos como resultado é o que nos diferencia. A indústria da educação pela experiência é o futuro, porque estamos a despertar para o facto de a escola não ser suficiente — não nos prepara para o que verdadeiramente importa na vida. É por isso que acredito tanto no valor do coaching. Por ele dar as ferramentas, estratégias e métodos para que possamos prosperar, enquanto seres mentais e emocionais, num mundo que não para de mudar e ao qual temos de nos adaptar continuamente, através de paciência e autocontrolo.
Prosperar numa profissão não regulamentada é um desafio acrescido, sim. Temos de estar continuamente a investir em formação. A explorar novos horizontes. A ampliar e reconhecer perspetivas. Falando do coaching, é algo que sinto que vale a pena, verdadeira e profundamente. Por cada sorriso que continuo a ver. Por cada agradecimento que continuo a receber. Por cada palavra de carinho e encorajamento. Por cada momento em que tenho a oportunidade de inspirar alguém. Se por cada 100 críticas, houver uma pessoa que obteve um impacto positivo, que conseguiu mudar um simples hábito, que alterou um comportamento destrutivo, que reconstruiu a sua identidade, que alcançou o objetivo a que se propôs, é o sinal de que estou a deixar o meu impacto positivo no mundo. O meu legado. Não precisamos ser conhecidos para sermos excelentes. Se deixarmos um pouco de nós em cada pessoa que cruza o nosso caminho, partilharmos uma experiência, um método, uma estratégia que nos tem melhorado a nossa vida de alguma forma, estamos no caminho certo. Porque o mundo transforma-se para melhor, com uma pessoa de cada vez. Todos temos o nosso tempo e o nosso lugar.
O coaching não é perfeito. Não é melhor, pior, mais ou menos do que qualquer outra profissão. É aquilo que é, pura e simplesmente.
Temos de ter o discernimento e a consciência suficiente de que é uma prática que exige rigor e ética, por mexer e tocar em vários pontos vitais da nossa existência. Do nosso ser. Exige do profissional respeito, confiança, segurança, disciplina, compromisso, consistência, aprendizagem continua, sigilo e claro, extremo profissionalismo. Aqui só posso falar por mim quando digo que há que ter a empatia e sobretudo sensibilidade suficiente para entender que tipo de casos devemos aceitar e trabalhar e que tipo de casos devemos reencaminhar. Como já fiz e voltarei a fazer as vezes necessárias.
Toda a minha vida gostei de variedade. O meu interesse multifacetado não me permite trabalhar e limitar as minhas capacidades a apenas e só um campo de atuação. É por isso que trabalho em design e marketing digital, em tecnologia e em coaching. Serei sempre um “homem dos sete ofícios”.
Concluo esta reflexão para dizer e reforçar que o Coaching é uma indústria potenciadora, com a sua quota parte de histórias diminuidoras e os vários testemunhos da sua eficácia. Podemos escolher focar-nos na parte que desejarmos. E é inegável que resulta. É também inegável que pode e deve passar ao lado de muita gente que sente que não precisa. Independentemente de tudo, constrói a TUA opinião, com base na TUA experiência. Não na do amigo do amigo, que ouviu dizer, nem sabe bem onde, que o coaching é “balelas”. Como qualquer outra coisa, pode ter sido alguém que se cruzou com um profissional que não era bom ou que não estava alinhado com ele. E por influência, desacreditas uma profissão que, no mínimo, te poderia dar uma nova perspetiva sobre a forma como encaras a vida.
As opiniões que tens do mundo são mesmo TUAS, ou são de alguém à tua volta que assumiste como tuas, sem usares a tua própria experiência?