Back to scratch
Esta semana, em homenagem ao homem por detrás do desafio que vou enfrentar no fim-de-semana, vou escrever as publicações referentes a alguns princípios que o David Goggins tanto partilha e que eu adotei para a minha vida. Partilhando com vocês a filosofia de como eu vejo aquilo que ele transmite e de que forma uso isso.
· Back to Scratch — O que é?
· Como aplicar e tirar partido
Definição
Back to Scratch, ou, em português, a famosa expressão “de volta à estaca zero”, é uma expressão que o Goggins em específico usa como sendo a base da evolução. É a própria analogia que ele desenvolveu para remeter para algo que está cientificamente estudado como aquilo a que podemos chamar de o ciclo da evolução. Neste gráfico podemos ver como funciona:
Agora, se imaginarmos que a vida é uma sequência infinita destes gráficos, aquilo a que chamamos dos altos e baixos, o verdadeiro crescimento está nos baixos. Na “estaca 0” como tanto gostamos de lhe chamar. Aquilo que é ponto de origem. E não falamos do ponto de origem original, falamos sim do ponto de origem de cada fase. Começamos sempre por algum lado, em tudo o que fazemos. Começamos do ponto zero em tudo. Agora, o que fazemos dá-nos experiência para que, ao chegarmos ao próximo ponto zero de outra área, já não é um zero absoluto. Já começamos a partir do um, dois, cinco ou dez até. Agora, como em qualquer processo, independentemente do ponto de origem, vamos sempre ser abalroados pelo entusiasmo frenético da curiosidade a ser saciada que vamos criar expetativas monumentais sobre o que quer que seja que estamos a fazer e, eventualmente caímos de volta para o nosso nível de origem. E agora sim, estamos prontos, humildemente, para crescer. Isto é o que significa o princípio de back to scratch. É a nossa disposição e o nosso à-vontade para regressar ao ponto de partida e fazer novamente todo o trabalho necessário para atingir um novo nível de evolução.
Quero fechar este ponto com uma frase muito sábia que escutei durante uma palestra de John C. Maxwell ao vivo: “Quando acontece algo inesperado, nós não nos elevamos perante a ocasião, nós caímos para o nosso nível de preparação.”
Aplicação
Este princípio é extremamente intuitivo. O momento para o usar é precisamente quando nos sentimos perdidos. Sem caminho, sem rumo. Voltar ao zero, à origem, é uma capacidade que nos traz uma maior clareza perante qualquer que seja a fase da vida onde nós estamos. Existem pessoas que acreditam em nunca mais voltar ao estado onde estiveram pelo ódio, vergonha, humilhação, qualquer que seja o sentimento que tenham associado ao seu próprio ponto de partida. Agora, na realidade a vida pode, a qualquer um de nós, bater-nos com tanta força que nos força a voltar à estaca zero. Nesse momento, quem está preparado, sabe que aquele é um passo que pertence à jornada. Aqueles que associam significados limitantes a esse ponto, ficarão presos nele até escolherem enfrentar e ressignificar os seus sentimentos perante o seu estado atual. Gerir expetativas, treinar continuamente, não só o físico, também o mental e o emocional, é o que nos mantém preparados para tudo aquilo que a vida possa atirar na nossa direção. Com os olhos certos, podemos compreender que tudo são obstáculos que vão contribuir para a nossa evolução. Todo o acontecimento que atravessa a nossa jornada nos dá algo novo. Ao falar deste princípio, o próprio Goggins relata uma analogia da sua vida, dos tempos em que estava numa fase muito no fundo e vivia numa casa com a mãe, que custava sete dólares por mês (imagino que as condições fossem sub-humanas). Anos mais tarde, quando a sua vida ficou melhor, ele foi morar para um apartamento de duzentos e quarenta dólares por mês (espero que a memória não me traia relativamente aos números).
Aquilo que ele diz é que, apesar da melhoria ter sido maravilhosa, temos de estar dispostos a visitar aquele lugar de sete dólares ao mês, para nos mantermos preparados. Para termos a perspetiva de “é aqui que venho parar se deixar de fazer o que preciso de fazer para a minha vida”; “este é o sítio onde tudo é cru e simples, a partir de onde podes alterar tudo o que está à frente”. Assim, mantém-se ao mesmo tempo o sentimento de “não quero voltar para ali” e usa-se isso para alimentar a motivação diária. E podemos também “visitar” mentalmente aquele estado, aquelas circunstâncias, para obtermos uma nova perspetiva sobre o estado atual, para ganhar mais vontade de fazer o que temos a fazer e manter presente o caminho maravilhoso que já foi percorrido.
Termino também este ponto com uma frase, desta vez vinda do grande Eric Thomas: “Não é aquilo que nos quebra que nos quebra. É o facto de não estarmos preparados para que aconteça que nos quebra realmente.”
Quero deixar-vos o final deste post com aquilo que será o final de todos os posts daqui para a frente, ao longo do ano, para vos lembrar continuamente: Tu és o que tu quiseres ser. Só tu és tu, e esse é o teu super-poder. Cabe-te a ti guardá-lo ou usá-lo.
Gladiadores, este ano promete o mesmo que qualquer outro antes dele e o mesmo que qualquer outro depois: absolutamente nada. Não é o ano, não é o mês, não é a semana, não é o dia, não é a hora, não é o minuto, não é o segundo que define a nossa vida. Somos nós. É cada um de vocês. Vou manter esta linha de pensamento nos posts ao longo do ano e continuar a criar e a entregar-vos conteúdo para que, de alguma forma, vocês consigam pegar nisto e alterar algo. O vosso estado. A vossa condição. As vossas circunstâncias. O mundo atual dá-nos oportunidades a todos os níveis para sermos muito bons em praticamente tudo. E estimula-nos, ao mesmo tempo, a querer tudo “para ontem” e de mão beijada. Um paradoxo contra o qual temos de lutar diariamente. O que se constrói rápido perde-se mais depressa. O que se constrói a um ritmo firme não só vale a pena como também tem uma base para durar gerações. Um legado desenvolve-se assim. Deixem cá algo que possa viver depois da vossa vida e que carregue a vossa essência por gerações e gerações.