Autocuidado

Daniel Covas
8 min readApr 21, 2023

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Se é um dos meus temas preferidos? Sem dúvida. Se costumo usar esta palavra? Não, de todo. Erro meu. Hoje o tema provém de uma sábia sugestão de uma ávida leitora. Se retirarem daqui algo, é a ela que têm de agradecer. Eu só segui o curso da vida, pedi a sugestão, recebi a ideia, aceitei-a e abracei-a com tudo. Obrigado a ti, Manuela, pelo incrível tema que me permitiste entregar aqui, nesta publicação.

Autocuidado é um tema bastante autoexplicativo. É, não só a forma, mas sobretudo o quanto cuidamos de nós. Com que qualidade o fazemos. Isso é o que vou abordar nas próximas linhas.

  • A importância do autocuidado
  • Os pilares da vida
  • Notas finais
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Importância do autocuidado

É importante cuidarmos de nós. Grande novidade, eu sei. A pergunta com que abro as hostilidades é então a seguinte: Estás a fazê-lo?
O que acontece, com esta área e tantas outras, é que nós efetivamente sabemos o que fazer. Entendemos claramente a importância que determinada ação ou conjunto de ações tem na nossa vida. Imaginamo-nos a fazê-las, o quão bem nos iremos sentir depois… Entretanto, perdemo-nos nesta libertação de dopamina visual e ficamos por ali. Porque é tão óbvio que é importante, é tão óbvio o que fazer, é tão fácil e simples… Que podemos fazer a qualquer momento. Começam a entrar as sempre sábias (e igualmente ridículas) desculpas: “Já vou fazer”; “Faço depois”; “Faço mais no final do dia”; e a minha preferida, que a minha mente adora “Hoje já não é tempo disso. Amanhã é que é, levantas bem cedinho e fazes tudo, de forma maravilhosa e harmoniosa”.

Sim, a mente, ao fortalecer-se, encontra desculpas mais descritivas, mais interessantes e poderosas. O poder da desculpa é sempre proporcional ao poder da mente.

Portanto, prepara-te: quanto mais forte fores, mais apetecível a desculpa se torna. São só mecanismos de defesa para caires na armadilha. A resposta certa é sempre a ação que tens a fazer e nunca a desculpa que te justifica a ausência dela.

O autocuidado é verdadeiramente importante porque é o cuidado que depositamos em nós próprios. Como, na vida de cada um, tudo começa a partir do nosso interior, quanto mais o nutrirmos, mais e melhor vamos ter para colocar na nossa vida e entregar nas nossas ações diárias e às pessoas que nos rodeiam e inspiram, para que as inspiremos de volta.

Os pilares da vida

Agora, de que forma e que ações concretas são essas que podemos colocar em prática para garantir o nosso melhor autocuidado, até naqueles dias em que estamos de rastos?
O primeiro que temos a fazer é identificar algo extremamente importante: Vou cuidar do quê? De mim, pois. Afinal de contas, é autocuidado. Certo, e o que és tu?

Pois, essa já é uma pergunta mais díficil. Não é “quem és tu?” e sim “o que és tu?” Enquanto ninguém para além de ti próprio poder responder à primeira, consigo dar-te uma pequena grande ajuda a esclarecer a segunda. A vida de cada um de nós baseia-se, de forma essencial, no mesmo. É o que depois fazemos, a forma como fazemos, ao aplicar a nossa essência, que define a nossa identidade e unicidade. Portanto, palavras bonitas à parte, vamos lá.

O que somos é, na realidade, uma mistura. Uma junção de várias dimensões. O nosso ser é constituído pelo pilar físico, pilar mental, pilar emocional e pilar espiritual. Estas são as 4 dimensões basilares de qualquer ser. E não comeces já a rejeitar a vertente espiritual. Ela existe em ti, podes simplesmente ainda não a ter aceite, descoberto ou abraçado. Lembra-te, faz tudo parte da jornada.

Pilar Físico
O pilar físico é, sobretudo, o nosso corpo. A “casa” da nossa alma e essência enquanto habitamos este planeta e esta vida. Não sei quanto a vocês, eu só tenho este. Já o alterei um pouco, já o destruí também. Entre lesões e hábitos não tão saudáveis. Acima de tudo, hoje olho para essas coisas e retiro as lições presentes para cuidar dele, de melhor forma, com mais qualidade. Hidratação, alimentação, exercício e sono são quatro vertentes básicas que permitem tornar o nosso corpo forte e saudável. De forma prática, consumir um mínimo de 1,5 a 2 litros de água diariamente. Alimentar o corpo com nutrientes de qualidade 80% das refeições, no mínimo. Exercício 3 a 5 vezes por semana, durante 20 a 30 minutos. Dormir 7h30 por noite. Existem ainda cuidados adicionais que podemos ter para com o nosso corpo, como uma boa rotina de higiene da pele, da boca, dos pés (elementos do corpo que, por estarem diariamente expostos a mais stress, merecem atenção mais cuidada).
Eu aplico uma rotina muito básica de skincare pela manhã e noite. Exponho-me a banhos quentes e frios, para fortalecer a pele. Bebo 3 litros de água diariamente. Treino cerca de 40 minutos a uma hora (sessões de mobilidade, alongamentos, jogo padel, treinos de calistenia, sou um apaixonado por corrida…), quando não há tempo para mais, tenho um mínimo de 50 flexões, 50 agachamentos e 50 abdominais por dia como meta. Durmo entre 6 a 7h30 por noite, em média.

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Pilar Mental
O pilar mental refere-se, adivinhem só, à mente. Estás a ler esta publicação e acompanhas este blog. Perfeito. É tudo o que precisas! (Brincadeira). Apesar de eu acreditar que estou a dar-te um excelente contributo nesta área, não espero nem quero que este seja o teu único estímulo mental (até porque falamos de uma publicação por semana, que usa 15 minutos do teu tempo para a leres, no máximo). O órgão cérebro, como qualquer outro no nosso corpo, reage a certos estímulos. Estímulos positivos vão desenvolver melhores capacidades cognitivas. Estímulos negativos vão causar deficiências cognitivas, no longo prazo. É por isso que esta área é tão deixada de parte. Porque o ser humano tem tanto potencial natural, que não valoriza o pouco tempo que precisa para treinar a mente. No entanto, quando o tempo começa a passar e o decaimento começa a ser notório, entra num estado de conformação e acredita que não há volta a dar. Há sempre algo que podemos fazer. Nesta área, aconselho a prática diária de um hobbie que crie um desenvolvimento e incite ao pensamento lógico, à resolução de problemas, à criatividade e a tudo aquilo que nos faz “deitar fumo”. E claro, a sempre simples e convidativa leitura de um bom livro. Seja xadrez, sudoku, palavras-cruzadas, sopa de letras, quebra-cabeças, puzzles, jogos de tabuleiro de estratégia, tudo é válido. 10 minutos, mínimo, de forma diária, apoiam um cérebro mais forte e saudável.
Eu jogo xadrez e estudo o jogo 2 a 3 horas por dia. Para além disso, leio entre 10 a 40 minutos ainda.

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Pilar Emocional
O pilar emocional é aquilo que por norma chamamos de “os assuntos do coração”. É referente a tudo aquilo que sentimos. Enquanto seres-humanos, vivemos com uma dualidade diária entre pensamentos e sentimentos. No entanto, com o devido treino eles podem não só coexistir como beneficiar-se mutuamente. As emoções são tão ou mais fortes até que os nossos pensamentos, porque muitas vezes são elas que os originam. Como cuidamos das nossas emoções? Com permissão. Permitindo-nos senti-las. Guardar uma parte do dia para sentir tudo o que atravessámos ao longo dele e permitir que nos libertemos disso, para dar espaço a novas sensações. A meditação é um exemplo de um excelente hábito. Para quem não está tão à vontade com isso, ler um livro também pode ser aplicável aqui, porque é um momento de foco em que nos permitimos refletir e sentir, por nos identificarmos com aquilo que estamos a ler.
Eu guardo 30 minutos, de forma sagrada, no final do meu dia, para me isolar em silêncio, sentir o dia, como se fosse um reflexão, em que permito os pensamentos fluir, as sensações virem e irem. Saindo do outro lado com a mente mais limpa.

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Pilar Espiritual
Pois, sei que estavam à espera que a meditação encaixasse mais aqui do que no anterior. Não se iludam, alguns hábitos encaixam em mais do que um pilar. Este, não tem nada a mais ou menos que os outros. É diferente. Cada pilar da vida é específico e único. Destina-se a treinar e explorar uma vertente de nós que potencia os outros pilares e a nossa vida em geral.
O pilar espiritual centra-se na nossa crença de um poder superior. De algo que nos transcede e para onde nos viramos, em busca de direção, quando aquilo que conhecemos falha. Um pouco como se fosse a nossa estrela guia. Ser espiritual é permitir, sobretudo. Deixar que a experiência que a vida é nos inunde e olhar para ela de fora, procurando uma forma de expandir ainda mais essa experiência. Dica prática: o portal mais eficaz que conheço para explorar este pilar é a gratidão. O simples facto de agradecer por respirar. Por andar. Estamos a agradecer a quem, afinal de contas?
Eu uso uma parte da minha rotina matinal para isto. Para escrever no meu diário de gratidão. Faço-o em 3 fases: coisas que sou grato por Ser, coisas que sou grato por Fazer e pessoas que sou grato por Ter. Após isso, faço uma breve leitura de uma passagem da Bíblia, de forma aleatória (será?) e reflito nessa passagem ao longo do dia.

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Notas finais

Após tudo isto, com os simples e práticos exemplos daquilo que faço pelo meio (como vês, invisto mais de 50% do meu dia em mim. Sim, porque dormir é investir em ti, no teu cuidado e no teu corpo), espero que tenhas refletido um pouco, quer nas áreas que estás a potenciar quer nas que estás a negligenciar. No final de contas, ninguém vai cuidar de ti para além de ti própri@ (por muito que te levem a jantar fora, aos melhores hóteis e salões de massagem, ninguém pode sentir o que tu sentes. Só tu te podes ajudar a ti. Essa é a primeira decisão, antes de procuras ajuda especializada, quando é o caso. Decidires que te queres ajudar a ti própri@).

Assim, fecho por hoje com duas coisas: um mantra que resume o autocuidado e que eu uso diariamente para a vida, do meu “mentor gelado”, Ricardo Pinhão:

Vai, com inocência. Vai, com curiosidade. Sê forte, saudável e feliz!

E uma pergunta:

Já cuidaste de ti hoje?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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