Aspira a inspirar

O que o mundo precisa

Daniel Covas
6 min readJul 14, 2023

Tem existido tanta discórdia, luta, guerra, tantos eventos transformadores e decisores ao longo da história da humanidade. Por norma, todos eles associados e despoletados por acontecimentos não tão positivos quanto isso. Na realidade, são esses mesmos acontecimentos que propulsionam a descobertas. Inovações. Avanços. A evolução surge após isso. Como diz uma grande pessoa de referência que conheço: “Antes de melhorar, vai piorar.”

Acredito plenamente que é uma frase que resume tudo o que escrevi antes dela. Esta é a base através da qual vou começar para divergir para o tema efetivo da publicação.

  • Necessidades do Mundo, da Sociedade e do Ser
  • Aspiração -> Transpiração -> Inspiração
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Necessidades

Não me cabe a mim e provavelmente a ninguém, pelo menos de forma individual, definir aquilo que são as necessidades do Mundo. No entanto, essas necessidades vão variar, especialmente a nível de quem estiver a considerar tais necessidades. Alguém que se preocupa com o ambiente vai preocupar-se com as necessidades ambientais mundiais, a poluição, o degelo polar, entre outros. Alguém com uma visão mais empresarial, vai preocupar-se com as necessidades financeiras e estruturais do Mundo, com a dívida global e procurar colmatar esses fatores. Poderia dar aqui mais exemplos, mas já perceberam onde quero chegar com a questão das necessidades mundiais.

Quando baixamos do mundo para as sociedades (apesar de podermos considerar a sociedade mundial) olhamos para as sociedades como, por exemplo, a sociedade oriental e ocidental (com valores, crenças e costumes diferentes), a sociedade europeia, africana, asiática, americana. Podemos continuar até reduzirmos à entidade social mais pequena, como o caso do grupo social que nos cerca (os nossos amigos mais próximos). No que toca às necessidades sociais, depende claro da sociedade que estamos a considerar e novamente, de quem a esteja a considerar. Sendo que aqui, começa a tornar-se um pouco mais claro e unânime quais as necessidades que devem ou não ser mais urgentemente suprimidas.

Quando chegamos ao nível pessoal, aí as necessidades são muito mais claras. Dependem, claro está, da perspetiva individual de cada um, do seu momento atual de vida e daquilo que é o sistema de identidade que caracteriza a pessoa em si. Sendo que, as necessidades pessoais podem apenas e só ser preenchidas pelo próprio indivíduo.

Desta forma, conseguimos chegar à seguinte conclusão: quanto maior for a amostra a considerar, mais gerais são as necessidades e mais possível é ser necessário um grupo coordenado e alinhado para as colmatar. Por outro lado, quanto menor a amostra, mais específicas são as necessidades e menos possível é de contribuirmos para a sua supressão.

Sei que pode estar a ser ligeiramente confuso, vago e abrangente. Prometo que vai fazer sentido.

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Ainda que a nossa contribuição, enquanto ser humano que não pertença às grandes elites exclusivas, possa não fazer a mínima diferença para aliviar as necessidades mundiais e provavelmente nem as sociais, temos de olhar para este espetro de ação do fim para o início. Vamos sempre dar ao EU. Escreva o que escrever, sobre o tema que for, tudo começa e termina em cada um de nós. Tudo.
Assim, onde quero chegar é: as primeiras necessidades das quais devemos tratar são as nossas próprias. Tratando de nós, estamos a garantir que estamos em condições de contribuir para algo mais, para além de nós. Um pouco como quando jogávamos Sims — para fazer aquilo que realmente queríamos, tínhamos de primeiro preencher as barrinhas de necessidades básicas, para depois alcançar os objetivos maiores.

Quando tratamos de nós primeiro, não estamos a ser egoístas. Estamos a colocar-nos em primeiro lugar. Ser egoísta é colocar-nos em primeiro quando estamos bem, podendo contribuir para algo ou alguém, e decidimos não fazê-lo. Isso é egoísmo. Uma decisão, que provém do ego. Ego-ísmo: o domínio do ser pelo ego, quando acreditamos que somos o centro do mundo.
Sermos a nossa prioridade, pelo contrário, significa garantir que somos o nosso melhor a cada momento e que, quando a oportunidade surge, tornamos a vida de quem nos rodeia melhor, por estarmos bem. Altru-ísmo: ausência de egoísmo, interesse para com os outros.

Ao olharmos de baixo para cima, novamente olhando à análise que fiz inicialmente, quando estamos plenos, sentimo-nos capazes de transbordar o nosso melhor para o mundo, começando claro por aqueles que estão mais próximos de nós.

Aspiração, transpiração, inspiração

O que me leva, finalmente, ao objetivo central: aspira a inspirar. Tinha de começar a falar sobre as necessidades para entendermos a importância do preenchimento das nossas próprias, de forma a reconhecer a nossa plenitude. Só assim estamos preparados para inspirar quem quer que seja.

Após garantirmos que as nossas necessidades estão preenchidas, podemos aspirar a inspirar. No entanto, há um passo importante pelo meio, após decidirmos que queremos satisfazer esse desejo de inspirar.

Transpirar.

Uso esta palavra, não no seu sentido literal, e sim com o propósito de que, a inspiração, à imagem da liderança, funciona eficazmente e de forma duradoura apenas e só de uma forma: pelo exemplo. Não podemos inspirar alguém a correr se não corremos. Não podemos inspirar alguém a comer de forma saudável se não comemos assim. Não podemos inspirar alguém a ler se nós não lemos. Não podemos inspirar alguém a deixar de fumar se o fazemos. Não podemos inspirar alguém a ter autocontrolo se não o temos. Quando falo em transpirar, é isto. É sobre dar o exemplo. Sobre usar o tempo para treinar as habilidades e capacidades que queremos ter desenvolvidas para que, no futuro, possamos inspirar alguém a seguir esse caminho. Não porque nós queremos que as pessoas façam aquilo que nós fazemos. Porque as pessoas vêm em nós um exemplo e seguem os nossos passos, porque é vontade delas próprias fazê-lo.

Acredito que é disso que precisamos cada vez mais, com a direção que o mundo está a levar. Precisamos de mais pessoas corajosas, que aspirem a inspirar outros, com a sua experiência própria. Não tem de ser algo brilhante. Pelo contrário, pode ser algo bem simples. Que restaure a autoconfiança. Que volte a colocar um sorriso em alguém que parecia ter-se esquecido do que é esse ato. Aquilo que temos vindo a testemunhar, com as redes sociais, é um crescimento exponencial de exploração de um mercado momentaneamente rentável. Existem muitos bons profissionais a divulgar o seu trabalho, o que é louvável, apreciável e de valor. Existem pessoas a partilhar conteúdo sobre as mais diversas áreas, a fortalecer comunidades, o que é incrível. Há pessoas a partilhar dicas impagáveis sobre os mais variados tópicos. Isso é pura inspiração e é a parte boa das redes sociais. É importante distinguir aquilo que são serviços profissionais e aquilo que é serviço comunitário e reconhecer que há espaço para a existência de ambos, desde que um não interfira no mundo do outro, especialmente que o serviço comunitário não intervenha no profissionalismo.

Por outro lado, todos temos consciência de que existem também indivíduos que escolhem aproveitar-se e fazer outro tipo de coisas que nem vou mencionar aqui.

Este é um reflexo da existência. Da pergunta que muitas vezes se faz sobre o bem e o mal e o porquê de ambos existirem. Porque, na realidade, ambos se equilibram. Os elogios e testemunhos positivos e transformadores que recebo do meu trabalho são a parte do bem. As críticas que recebo sobre o trabalho que faço, a inveja, o ódio, o desrespeito são a parte do mal. São os pros e os contras. O equilíbrio. Usando a analogia em que escolho acreditar, em termos físicos, o frio e o escuro não existem. São, simplesmente, a ausência, parcial ou total, de calor e luz, respetivamente. Em termos leigos, nós demos esses nomes. No entanto, no mundo científico, quando se mede uma grandeza, não se mede o contrário dela. No caso da temperatura, a grandeza é o calor. Mede-se a presença ou ausência do calor, com base numa escala. A mesma coisa com a luz. Eu comparo o bem e o mal a isso. Não acredito que o mal exista propriamente (isto não é um facto, é aquilo em que escolho acreditar). Existe sim a ausência, parcial ou total, do bem. Portanto, quero concluir esta publicação com isto: aspira a inspirar. Certamente há algo, na tua vida, que fazes muito bem. Algo que podes ensinar e transmitir. Algo que podes usar para inspirar outros à tua volta. A serem mais e melhor. O mundo precisa de ti. Daquilo que podes contribuir. Para, pouco a pouco, colmatar as necessidades das sociedades em que tens influência e espalhares a tua forma do bem no mundo.

“A única coisa necessária para o triunfo do mal é que os bons homens nada façam.”

Já decidiste aspirar a inspirar alguém hoje?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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