Ambiente

Daniel Covas
8 min readApr 14, 2023

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Uma semana em que trago um tema do qual sempre ouvi falar sobre a importância e que só tenho reconhecido, e valorizado, verdadeiramente, nos últimos dois anos.

A primeira vez que, para lá da escola, estive num ambiente novo, foi quando a 13 de abril de 2015 (já lá vão 8 anos e um dia) ingressei no Regimento de Artilharia 5, em Vendas Novas, para iniciar a recruta do Exército. Foi a primeira experiência que, na altura, de forma mais ou menos consciente, tive da influência que aquilo que nos rodeia tem em nós. Após isso, novo ambiente no Regimento de Cavalaria 3. Mais tarde no Museu Militar de Elvas. E ao longo dessa minha jornada militar, fui criando também ambientes diferentes, na minha vida pessoal. A primeira vez que senti a diferença sobre as pessoas que me rodeavam foi quando no final de 2017 me juntei a uma comunidade de jovens que desenvolviam projetos ligados a mercados financeiros. Uma das experiências mais fascinantes da minha vida. Mais tarde, em 2022, descobri uma comunidade extremamente interessante, à qual pertenço atualmente, que orgulhosamente chamamos de Alcateia Lendária (entendedores, entenderão).

Ao que importa agora, transmitir-vos informação prática, mais do que outro capítulo breve da minha história.

  • A dualidade
  • Os 3 fatores principais de influência
  • Notas finais sobre o que nos rodeia
Photo by Pat Whelen on Unsplash

A dualidade do ambiente

Na minha perspetiva, o nosso ambiente (fale-se de casa, trabalho, café, discoteca, ou qualquer outro espaço que visitemos) tem sempre uma de duas características: ou é um ambiente de expansão ou é um ambiente de conforto.

Se um é errado e o outro é certo? Não, nada disso. Isto é a minha resposta recente, desde que iniciei o meu trabalho de desenvolvimento na “zona cinzenta”, de forma a deixar de ver o mundo tanto nos extremos e mais pelas entrelinhas do meio. Há uns tempos atrás, certamente diria que existem ambientes errados. Hoje, percebo que era eu que estava errado em pensar isso.
Ambos ambientes merecem estar presentes na nossa vida. O que é importante, acima de tudo, é utilizá-los com consciência. Não me vou colocar num ambiente de expansão quando o meu objetivo é descansar, porque não vou nem usufruir do ambiente nem cumprir o meu objetivo. Da mesma forma, se não estou a ter os resultados que quero numa área da minha vida e fico frustado, não me vou “enterrar” num ambiente confortável, porque a frustração vai aumentar ainda mais (no médio/longo prazo) e os meus resultados não vão certamente aparecer.

Portanto, existe um momento, uma fase específica para usar cada tipo de ambiente. O que nos apoia a tomar essa decisão? Discernimento. Consciência. Entender o que precisamos de fazer num determinado momento e escolher o tipo de ambiente adequado para potenciar a nossa ação.

Um exemplo disto é a escrita desta publicação. Para o fazer, coloco-me num ambiente de foco e energia direcionada. No meu canto de trabalho, onde estou devidamente iluminado, devidamente concentrado, com uma música que me incentiva a criatividade, rodeado de livros e cadernos, que ressoam um ambiente de conhecimento. Assim, garanto que o ambiente me apoia na tarefa que tenho em mãos.

Por outro lado, se o meu objetivo for, por exemplo, celebrar a criação desta publicação, vou até à sala de estar. Sento-me confortavelmente no sofá. Coloco um bom episódio de uma boa série para assistir. E garanto que tenho um momento meu, de tranquilidade.

3 fatores determinantes do ambiente

Para lá do tipo de ambiente e de tudo o que nele está inserido, acredito profundamente que existem 3 aspetos-chave que determinam o estado, a energia e o poder de um ambiente.

O primeiro, é o fator mais importante do mundo, é aquilo que o constitui e o que o fez chegar onde está hoje: pessoas. Aqueles que nos rodeiam ou com quem mantemos um contacto mais regular representam 70% do nosso ambiente. Daí ser tão importante nós sermos seletivos com as pessoas que permitimos ao nosso redor de forma concistente. Não, não te estou a dizer para julgares quem quer que seja. Estou a dizer-te que deves ser o teu melhor. Tratares todos aqueles que se cruzam contigo com o maior respeito. Esboçares um largo sorriso cada vez que cumprimentas alguém. Porque o empregad@ que te atendeu no supermercado não vai estar constantemente contigo (a não ser que seja teu conhecido) e ainda assim merece tudo da tua parte, pois ele é uma ponte para que tu obtenhas aquilo que queres. TU podes ser um fator determinante no ambiente de outros. Podes iluminar o dia de alguém com um sorriso. Não sejas egocêntrico ao ponto de pensar apenas no teu ambiente. Porque tu também te inseres no de outros. E se não fores o teu melhor para todas as pessoas que atravessam o teu caminho, como esperas que alguém te respeite e considere digno, se tu não o fazes? O nosso maior erro é assumirmos que merecemos algo mais do que alguém. Inflamar o ego mata. E é uma morte extremamente lenta e dolorosa.

Agora que deixámos claro a importância de reconhecer e valorizar as pessoas que nos rodeiam bem como ser merecedor desse reconhecimento, volto à tal seletividade. Eu próprio sou uma pessoa relativamente solitária e rodeio-me de várias pessoas em contextos diferentes, criando ambientes diferentes. Cada pessoa que está comigo num determinado ambiente e contexto contribui, de alguma forma, para me tornar melhor. Exemplos, novamente, porque são sempre importantes. Quando vou jogar padel, há uma seleção de pessoas com quem estou que me elevam e ensinam nessa modalidade. Não as iria levar para outros ambientes e contextos da minha vida, da mesma forma que essas pessoas não o fazem comigo. Mas ali, temos aquele ambiente em comum. Enquanto o frequentamos, em conjunto, somos o nosso melhor, para nós próprios e para quem está a jogar connosco. Quando terminamos, cada um vai à sua vida e para um outro ambiente. É assim que as coisas correm.

O segundo fator são as coisas que nos rodeiam. Os objetos. Aqui, refiro-me ao que temos à nossa volta em casa e o que está nos ambientes que escolhemos visitar, mais uma vez. Claro que, há graus para isto. São mais importantes os objetos que temos em casa porque passamos mais tempo rodeados deles do que os objetos de um local que visitamos de forma de esporádica. Para não falar que, os objetos em nossa casa estão sob o nosso controlo e num espaço que visitamos por norma isso não acontece. Ainda assim, o que é verdadeiramente importante aqui é a forma como tratamos aquilo que nos rodeia.
Os objetos em nossa casa merecem ser limpos, mantidos em condições, usados da melhor forma e para a função correspondente. Por exemplo, um dos objetos que mais usamos no dia-a-dia e que mais se tem tornado uma “sanguessuga” do nosso ambiente físico é o telemóvel. Condiciona-nos a um ambiente virtual que muitas vezes nem damos conta. Por um período de tempo absurdo. Algumas vezes, acaba até por se intrometer nas nossas interações físicas. Aí, é errado. Está claramente a intrometer-se num bom ambiente.

Voltando atrás e concluindo este ponto, a forma como tratamos aquilo que nos rodeia, do mesmo modo que tratamos as pessoas, é um reflexo do nosso estado interno. Se não prezamos objetos no seu melhor estado, não fazemos a manutenção adequada deles, muito provavelmente seremos desleixados da mesma forma com pessoas, com tarefas, com ações. Não sou eu que digo, são anos de observação do comportamento humano. E, se me apontaram o dedo, é porque provavelmente vos serviu a carapuça… (risos).

Photo by Alberto Castillo Q. on Unsplash

Por último, e não menos importante, o local em si. O tipo de ambiente em que nos colocamos a nível físico. A forma como o tratamos enquanto estamos nele. Tudo conta. Aqui torna-se um pouco repetitivo e semelhante aos objetos. A limpeza, a manutenção. A decoração (este não é um aspeto objetivo, sei. No entanto, é importante que o nosso espaço possua, de alguma forma, a nossa marca, para que nos energizemos ao estar nele).

Notas finais

Em jeito de conclusão, termino com mais uma informação de valor. A nossa relação direta com o ambiente é uma de reciprocidade retroativa. Das mais justas que existem por aí. Tudo o que damos ao ambiente ele dá de volta. Tudo o que ambiente nos dá, nós damos-lhe de volta. Agora, a parte importante aqui é que só uma das partes tem consciência da sua responsabilidade e essa parte somos nós. Não nos podemos queixar do ambiente se fomos nós que nos colocámos ou expusemos a ele de nossa vontade.
Agora, da mesma forma que nós reforçamos o ambiente, também ele nos reforça. Da mesma forma que nos destrói, também nós o destruímos. Uma interação simples. Exemplo do dia-a-dia, o nosso carro. Qual é o teu nível de preocupação em mantê-lo limpo e lavado? Não sei a resposta ao certo, mas tenho a certeza que será proporcional ao nível da tua proatividade a resolver problemas. Quem deixa o carro mais tempo sujo, tendencialmente vai evitar confrontar os desafios da sua vida de forma ativa. Por sua vez, tendencialmente terá um ambiente mais desorganizado. O que ambiente dá, nós damos de volta.
Quem mantém o carro lavado e aspirado, tendencialmente preocupa-se em fazer exercício. Enfrenta os desafios da vida de forma ativa. Parece mais confiante. Mais capaz. O que damos ao ambiente, ele dá de volta.

E não, isto não é a minha opinião. São estudos comportamentais, novamente.

Valoriza o teu ambiente. Age. Torna-o no melhor ambiente possível.

E não te deixes enganar. O meu carro não está limpo e lavado 100% do tempo. A minha alimentação não é limpa 100% do tempo. O meu treino não é o melhor 100% do tempo. A minha confiança, o meu trabalho, a minha entrega não são as melhores 100% do tempo. Porque a vida não é perfeita. No entanto, sempre que tenho oportunidade, vou treinar. A maioria do tempo, alimento-me devidamente. A maioria do tempo, sou confiante, proativo, produtivo. Assim que tenho a oportunidade, cuido do meu carro. Do meu quarto. Do meu espaço. Porque sei que se der ao ambiente, ele me dá de volta.

Após uma publicação de interação mais direta e com mais sinceridade, quero dizer-vos que este blog, esta página, é o meu espaço. Estou sempre aberto a receber feedback de tudo o que escrevo. Espero, da mesma forma que vos transmito algo, aprender também com vocês. Acima de tudo, saibam que isto não são verdades absolutas. São as minhas verdades. Pelo meio há aqui alguns factos e esses são o que são. Tudo o que resto é a minha opinião. O que funciona para mim, por aplicação de tentativa e erro. O que partilho com vocês são todos os métodos que me permitem hoje viver uma vida feliz e em paz. Para mim, é o mais importante.

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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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