Adaptações

Como as mudanças nos propõem mudanças

Daniel Covas
4 min readJun 4, 2024

Começa a ficar calor, pelo menos por aqui. O que me leva a deixar uma reflexão, sobre esse tema em específico. Que me leva, em geral, a escrever sobre aquilo que é não só o processo de adaptação (seja momentânea ou permanente) e também a sua ocorrência e necessidade.

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Nada é permanente senão a mudança

Parecendo um pouco contraditório, a realidade é que uma das coisas da vida que provou, vezes e vezes sem conta que se perpetua ao longo da nossa existência é a mudança. Ainda que mudança não signifique adaptação per si, a adaptação é também a forma mais útil e prática não só de aceitar como também de usar a mudança a favor próprio. Ao longo daquilo que é a nossa vida, experimentamos variadas mudanças, nas diferentes áreas que compõem a totalidade do nosso ser. No início, gatinhavamos. Depois, começámos a andar. Uma mudança. De brincar a estudar, outra mudança. Construir amizades e gerar uma vida social, nova mudança. Relações intímas, outra mudança. Vertente profissional, nova mudança. Gerir todos estes aspetos, um desafio que convida a uma ou mais pequenas mudanças.

A conclusão é mesmo que a vida é feita destas allerações a que chamamos de mudanças. Elas não só existem, como são necessárias para o progresso. Isto porque, tudo o que permanece igual, é como se estivesse em repouso. E em repouso, nada muda. Nada evolui. Nada se transforma. E a verdade é que, gostando ou não de mudança, existe uma parte em cada um de nós que ambiciona algum nível de melhoria, em uma ou mais dimensões da sua vida (pessoalmente, profissionalmente, relacionalmente, financeiramente).

A adptação como forma ótima de lidar com a mudança

Entrando naquilo que são as mudanças, mais do que falar sobre elas, como qualquer situação que acontece, elas trazem consigo várias coisas: aprendizagens, resultados, consequências, avisos, lembretes, convites. Um dos maiores convites que acredito que uma mudança trás agregado a si é o convite à adaptação. Uma vez que já esclarecemos (e reconhecemos, pela história) que a ocorrência de mudanças é inevitável, existem, mesmo assim, várias formas de lidar com elas. Umas, mais úteis que outras. Isto depende claro, da nossa forma de ver e reconhecer a mudança. Da abertura ao que ela nos está a dar ou nos está a fazer abrir mão. PErante uma mudança, tendencialmente, podemos comportar-nos de algumas formas gerais:

  • Resistir — Quando não estamos a ver e/ou acreditar no que a mudança nos pode dar e estamos demasiado presos ao que já conhecemos. Ocorre em pessoas que tenham uma maior necessidade de certeza, pois uma mudança implica o lidar com o desconhecido. A resistência implica que se está a assumir um prejuízo maior ao integrar a mudança.
  • Ignorar — Quando conseguimos ser neutros perante uma alteração. Entre o possível resultado que a mudança nos pode proporcionar e as consequências que vêm a si associadas, existe a possibilidade de deixar que a mudança não influencie, permitindo a permanência do estado atual.
  • Adaptar — Observar a mudança como uma oportunidade, vendo muito para lá de benefícios e prejuízos. Integrar o processo de aprendizagem de algo novo ou de desaprender algo conhecido, para dar lugar a algo diferente.

Penso eu que estas são as formas mais comuns e gerais de reação a uma mudança (quer ela seja externa ou interna). Nenhuma destas formas é certa ou errada. E nenhuma pessoa tem uma reação apenas. Mudanças diferentes, em níveis diferentes, podem gerar comportamentos reativos diferentes, dependendo da autoconsciência, inteligência emocional e do quanto a mudança colocar em causa crenças e valores. Dentro disto, conseguimos entender que resistir a uma mudança não é necessariamente útil. No entanto, é um bom traço, porque nos vai realmente fazer questionar a necessidade dessa mudança. Isto porque, podem existir mudanças que nos surgem na vida, como oportunidades, que nós acreditemos não nos servirem. Que nos podem guiar a outras mudanças, essas sim, as que nós acreditamos ser as que nos servem. Ignorar mudanças é, para mim, a pior reação que podemos ter. Primeiro, porque não treinamos o pensamento crítico. Segundo, porque podemos deixar passar uma oportunidade interessante, simplesmente porque não nos permitimos ver mais. Por fim, adaptação tem um tanto de rejeição como de adpatação em si:

Adaptar, mais do que contemplar a mudança e aceitar tudo o que ela trás, acima de tudo, é ver o que é que o novo cenário nos pode dar, a nível de resultados, prejuízos e aprendizagens. Com base nisso e naquilo que acreditamos e valorizamos, devemos então integrar aquilo que está alinhado com a visão do nosso futuro e deixar de lado tudo aquilo que não nos servir nesse aspeto. Adaptar não é aceitar tudo: é moldar a aceitação de algo novo, não ao que somos e sim ao que nos queremos tornar.

Que convite à mudança já aceitaste hoje (e de que forma estás a lidar com ele)?

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Daniel Covas
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Written by Daniel Covas

Mental Coach, Behaviour Analyst, Digital Strategist. Beat the Mind Founder. https://www.instagram.com/danny_covas/

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